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Trabalho em grupo: 7 dicas para incorporar a aprendizagem por pares à sua aula

1 de setembro de 2020
E-docente

“Ensinar é aprender duas vezes”. E que tal utilizar esse pressuposto para tornar o estudante mais ativo na construção do conhecimento? Que tal incentivar a aprendizagem por meio do protagonismo dos estudantes através do trabalho em grupo?

Atualmente, como aponta Lemes (2013) os estudantes estão concluindo os anos da educação básica com grandes dificuldades para argumentar, construir pontos de vista e defender ideias. Segundo a autora, “não está sendo permitido ocupar o lugar autoral de quem argumenta e defende seu ponto de vista” (Lemes, 2013, p. 7).

Vários autores defendem a cooperação, ou seja, o trabalho em grupo como parte fundamental de um bom aprendizado. Vygotsky (1896-1934), por exemplo, já chamava a atenção para a importância da interação entre o estudante e o docente e entre os próprios estudantes em situações de aprendizagem.

Aprendizagem por pares: o que é?

Nesse sentido, a aprendizagem por pares é um termo usado para descrever uma grande variedade de acordos de tutoria. No entanto, ela pode ser resumida, grosso modo, como uma abordagem onde os estudantes trabalham em pares (duplas ou equipes) para ajudar uns aos outros a aprender sobre conceitos ou desenvolver uma atividade acadêmica.

Nesse contexto, o professor torna-se mediador desse processo. Acompanha, avalia e orienta de modo personalizado o desenvolvimento de cada estudante por meio das duplas/equipes. O`Donnell e King (2007) discorrem sobre alguns tipos de abordagem de aprendizagem por pares como: tutoria por pares e aprendizado cooperativo, como, por exemplo, formação de equipes, jogos e torneios.

Ao invés de aulas totalmente expositivas, nas quais apenas os professores falam aos alunos, a proposta de aprendizagem por pares objetiva incentivar os estudantes a compartilharem opiniões e materiais.

Se você está em busca de dicas sobre como incorporar essa abordagem em sua prática docente, compartilhamos a seguir 7 boas práticas para você se inspirar, adaptar e incorporar às suas aulas o trabalho em grupo. Confira:

1. Enfatizar a importância da aprendizagem ativa

Nem sempre os estudantes participam da construção (ou até mesmo tomam ciência) das atividades pedagógicas. Tais atividades com boa orientação não causa nenhum dano à aprendizagem.

Recomendamos a criação de um documento de consulta, que traga informações importantes aos discentes a respeito de algumas práticas educativas. Esse documento pode tanto tirar algumas possíveis dúvidas da execução das atividades propostas pelo professor, quanto ser uma ótima oportunidade de ampliação, caso algum aluno queira trazer sugestões.

Atualmente, muitas instituições estão buscando promover métodos de ensino que envolvam o aprendizado “ativo”.

Contudo, essa mudança de paradigma é delicada e complexa para todos os envolvidos. Além de todo o planejamento e capacitação é preciso também explicar, ouvir e incluir os estudantes, para que o processo seja implantado dentro do contexto de atuação da instituição, mitigando com isso os riscos e os problemas previamente diagnosticados.

Esses métodos e abordagens apresentam oportunidades para que os estudantes formulem suas próprias questões, debatam e expliquem seus pontos de vista.

Enfatize a rotina de trabalho e os benefícios em conjunto (aulas mais dinâmicas, jogos, resolução de problemas, desafios interdisciplinares etc.).

O trabalho em grupo também transforma o papel do professor. Que passa a criar as condições para que os estudantes tomem decisões e resolvam as situações-problema sem ter o processo todo dirigido por uma única perspectiva. Nesse contexto, o docente define a atividade, orienta e corrige as rotas, indica materiais e leva em consideração as sugestões trazidas pelos alunos.

Essas atitudes permitem que os estudantes se envolvam na aprendizagem colaborativa e trabalhem em equipes por meio da resolução de problemas. A inversão de papéis, os estudos de caso e os projetos integrados são outras estratégias de ensino eficazes que estimulam e incentivam a aprendizagem entre pares.

2. Escolher a atividade e a mídia apropriada

Adotar uma abordagem didática para uma aula requer planejamento. Colocar simplesmente os estudantes em grupos ou pares e delegar qualquer atividade para “trabalhar em conjunto” não surtirá, provavelmente, resultados significativos.

É preciso, portanto, pensar no conteúdo a ser ensinado. E, a partir daí, adaptar ou elaborar uma atividade com o(s) objetivo(s) de aprendizagem bem delimitado(s).

Em seguida, deve-se escolher o suporte adequado para tal atividade (papel, cartolina, celulares, aplicativos, livros etc.). A escolha do suporte pode determinar maior ou menor engajamento por parte dos estudantes.

Com as escolhas definidas e o planejamento detalhado da aula, cabe ao professor apresentar e esclarecer os elementos, etapas e finalidade da atividade (previamente disponibilizados aos estudantes). Em seguida, o professor apresenta de maneira resumida um panorama sobre o tema, destacando os elementos e as ideias que o fundamentam.

Na sequência, monta-se os agrupamentos e, após as interações pelos pares, o docente explana as considerações finais com foco nos principais pontos debatidos.

3. Diagnosticar antes de agrupar

Com o objetivo da aprendizagem definido, o seguinte passo é conhecer bem as características dos estudantes. Saber suas preferências, dificuldades e nível de domínio do conteúdo são pontos importantes para iniciar uma abordagem de aprendizagem por pares.

Portanto, recomenda-se a aplicação de avaliações diagnósticas (formais ou informais) para planejar as atividades que estão no escopo de trabalho.

Uma maneira de realizar esse diagnóstico pode ser por meio de propostas de trabalho individual. Com base nos resultados analisados, é possível formar duplas ou grupos cujas ideias, estratégias de resolução ou nível educacional sejam semelhantes (fortalecer a concepção de um conceito, prática e/ou atitude) ou diferentes (para estimular o pensamento crítico, argumentação embasada em evidências científicas e comunicação).

Outro aspecto importante no agrupamento é o comportamental, ou seja, selecionar o estudante mais comunicativo e outro mais tímido para a troca e participação de ideias. Em seguida, as duplas ou grupos apresentam suas estratégias uns aos outros, destacando os pontos de vista pessoais e o denominador alcançado entre os integrantes (visão individual e coletiva). 

4. Criação de grupos

No processo de aprendizagem por pares, a divisão do grupo vai variar de acordo com a finalidade da atividade. Entretanto, para fins de aprendizagem, faça a divisão com base nos diagnósticos e coloque juntos os estudantes com saberes diferentes. Desse modo, há aprendizado, engajamento e mais produção nas atividades.

Recomendamos que antes de pensar nos grupos seja considerado os níveis de conhecimento, habilidades e atitudes dos estudantes elencados nos diagnósticos.

Confira a seguir alguns exemplos de agrupamentos:

  • Duplas, Trios, Quartetos ou Quintetos: Os estudantes podem possuir nível de conhecimento similar, mas habilidades diferentes. Nesse caso, eles podem se ajudar, ao trabalhar em conjunto, ou podem avaliar um ao outro. Em casos de estudantes com níveis de conhecimentos diferentes, um dos estudantes pode assumir o papel de tutor em determinada área de conhecimento.
  • Grupos aleatórios: Esse tipo de agrupamento é geralmente destinado à promoção da interação. Pode-se separar os alunos por cores ou por números entregues aleatoriamente na entrada da sala. Apresente as questões ou atividades aos grupos. Após cerca de 20 minutos de discussão, os grupos ou um membro de cada grupo apresenta o que discutiram para os demais.
  • Grupos por afinidade: Os grupos com conhecimentos heterogêneos recebem tarefas específicas para serem realizadas dentro ou fora do tempo formal de aula. Cada estudante deve ter sua atuação definida pelo professor e o trabalho deve ser em conjunto e colaborativo. Após o tempo estimado para a atividade, os grupos apresentam as descobertas para toda a turma.
  • Solução para grupos críticos: Um grupo recebe um tópico para apresentação de seminário ou desenvolvimento de tutorial. Assim, ele deve desenvolver sua solução e apresentar os resultados para todos. Os outros grupos observam, fazem comentários e avaliam a apresentação.

5. Simulação de papéis para boas práticas

Além da elaboração do documento de consulta com as informações das atividades, aconselhamos a criação de simulações durante a semana prévia à atividade em pares, para estimular um comportamento com atitudes construtivas e produtivas.

É importante que, nas simulações, os procedimentos, as regras, a função do papel destinado a cada estudante, bem como modelos para avaliação sejam bem esclarecidos. Algumas diretrizes estão sob responsabilidade do professor e os estudantes contribuem com suas opiniões.

Nesse sentido, após as contribuições, o professor cria a lista com frases ou declarações padronizadas para a devolutiva ou numa rubrica (com os critérios que constam na avaliação). É importante destacar que em casos de inconsistências ou erros, a devolutiva deve ser sem crítica e focada na correção.

Em resumo, a orientação deve ser voltada para que o processo seja pautado em confidencialidade, respeito e devolutivas construtivas que facilitem a aprendizagem.

6. Programa de tutoria de trabalho em grupo

Comum em algumas universidades, o programa de tutoria é composto por estudantes que tenham reconhecidamente um nível avançado em determinada área de conhecimento. Ele pode ser uma alternativa para promover a aprendizagem por pares, bem como para incentivar valores e atitudes positivas.

Com a orientação e o acompanhamento de professores, os estudantes podem solicitar ajuda sobre temas nos quais precisam de reforço. Em um quadro, os estudantes-tutores podem disponibilizar horários e assuntos para auxiliar os demais alunos. Cabe ressaltar a importância de os tutores receberem as orientações necessárias sobre como atuar no decorrer da tutoria.

A incorporação do programa de tutoria geralmente melhora o índice de desempenho dos estudantes, além de fomentar o senso de responsabilidade, coletividade e competência colaborativa.

7. Sistema de recompensa por trabalho em grupo

Toda atividade desempenhada com sucesso deve ser recompensada! Contudo, ressaltamos que recompensa não é somente sinônimo de ganhar coisas materiais ou acréscimos associadas à nota. Ela pode ser expressa de variadas formas e deve servir para engajar e reconhecer uma boa prática.

Nesse sentido, uma abordagem que pode ser adotada para essa finalidade é a aprendizagem baseada em jogos, mais especificamente, a gamificação, que já possui regras e sistemas de recompensas que podem ser adaptados e incorporados à sua prática docente.

Para incentivar a participação dos estudante na aprendizagem por pares é preciso deixar claro quais benefícios eles obterão e criar um sistema de recompensa adequado ao contexto institucional.

Por exemplo, pode ser um componente curricular (créditos) onde todos os estudantes de determinado nível educacional devem atuar no papel de tutoria ou pode-se oferecer cursos específicos, como robótica, agroecologia ou programação. 

Professor-mediador-facilitador

Facilitar a aprendizagem dos estudantes exige acompanhamento personalizado, significação e contextualização. A necessária mudança do modelo educacional surge diante de um mundo em constantes (e rápidas) transformações.

Consequentemente, a aprendizagem por pares integra os estudantes, além de promover o desenvolvimento de conhecimentos, habilidades, atitudes e valores condizentes com o mundo contemporâneo, podendo ser desenvolvida tanto em momentos presenciais, como mediados por tecnologia (mensagem, videoconferência, cartas, telefone etc.).

Confira também como os jogos cooperativos auxiliam nos estudos

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