repensar prática docente pandemia

Uma das características dos tempos atuais são as mudanças constantes, sejam ambientais, tecnológicas ou comportamentais. Então, podemos, de certo modo, afirmar que mudanças são previsíveis, especialmente no contexto de pandemia.

Nosso desafio não está em prevê-las, afinal elas ocorrem em velocidade exponencial, e, como o tempo para digeri-las é cada vez menor, a necessidade de adaptação é proporcionalmente cada vez maior.

Evolução e revolução trazidas pelo avanço tecnológico

O mundo contemporâneo é disruptivo. A tecnologia aliada à inovação produz evolução e revolução. Se não acompanharmos tais mudanças, estaremos desatualizados e fora de contexto. É preciso adotar um novo mindset, buscando novas e/ou melhores formas de executar nosso trabalho e manter nossos propósitos.

Há algum tempo, a presença tecnológica em nosso cotidiano nos trouxe padrões novos de comportamento e, embora isso traga consequências negativas, algo permanece imutável: o ser humano dotado de conhecimento sempre será necessário.

A ressignificação educacional pós-pandemia

A pandemia é um exemplo. Trouxe modificações repentinas, deixará muitas outras mais. Porém, acredito que em muitos casos houve uma aceleração de processos. Isso reforça nossa capacidade adaptativa de um modo geral, demonstra nossa fragilidade em pontos específicos e aponta caminhos para percorrer.

No campo educacional, ensinar e aprender foram, ou melhor, estão sendo ressignificados. Prédios escolares foram fechados, tivemos que virtualizar aulas e relações – profissionais e pessoais; o modelo que possuíamos foi adaptado; a maioria dos professores trabalhou com algo que nunca havia experimentado, foi um desafio dar aulas remotas, está sendo um processo exaustivo e ainda nos resta a incerteza do resultado dos nossos esforços.

Tecnologias digitais como metodologia de ensino

Hoje, somos conhecedores da educação a distância e isso nos faz perceber o valor das ferramentas digitais e do ensino presencial, bem como do quanto ambos precisam se integrar.

Com o distanciamento, o processo de ensino e aprendizagem ganhou uma nova configuração não apenas física, mas principalmente metodológica. Nesse período emergencial a grande necessidade foram os treinamentos para o uso de tecnologias digitais.

O cenário mudou para o virtual, porém continuamos conduzindo as aulas da mesma forma: expositiva, centrada no professor. Mas, a partir de agora, precisamos pensar além. Ora, se o modo de ensinar foi transformado, precisamos também repensar nossa prática docente e, consequentemente, nossa formação docente.

Novos modelos de educação na pandemia

Há um bom tempo já havíamos concluído que não podemos continuar a reproduzir modelos do passado ou procurar por receitas prontas. Precisamos criá-las colaborativamente. Estamos tendo a oportunidade de exercer nosso protagonismo sob a perspectiva do que já sabemos e não apenas do que precisamos saber, do que vivemos, das experiências vividas, das reflexões surgidas.

A escola não pode continuar distante da vida do aluno e do professor. É necessário cuidar da construção da aprendizagem de ambos, equilibrar teoria e prática, tecnologia e afetos, agregar estratégias às práticas.

A necessidade de estar atualizado, ser reflexivo e atuante está cada dia mais evidente.

A fórmula? Não sei. Mas há um universo de possibilidades a partir do momento em que começamos a nos interrogar sobre essas questões e procurar encontrar respostas dentro do nosso contexto: em nós mesmos, em nossos estudantes, dentro e fora da sala de aula da nossa escola.

As respostas não estão prontas e nem distantes; assim como quase tudo, elas estão ao nosso redor, precisamos de um novo olhar apenas. Espero que a experiência com a pandemia tenha nos trazido isso. Com todo respeito à melodia, não podemos ser intérpretes do refrão de “Gabriela”.

Para finalizar, uma dica: sala de aula invertida e ensino híbrido são uma boa forma de começar a aproveitar tanto o ambiente da sala de aula como o on-line.

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Keyla Almeida de Mendonça Abreu
Pedagoga, Professora, especialista em Gestão Escolar.
Assessora Pedagógica das Editoras Ática, Saraiva, Scipione, na Rede Pública.