projetos integradores do pnld

Material de divulgação das editoras Ática, Saraiva e Scipione.
Não constitui documento oficial a respeito do PNLD.

Em 2020, o Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD) distribuirá obras de projetos integradores. Convidados a autora Roberta Hernandes para apresentar as vantagens envolvidas na adoção desses materiais por parte das escolas.

Quando considerados, os projetos integradores podem trazer inúmeros benefícios para a prática pedagógica, além de ser uma importante ferramenta na implementação da BNCC no contexto escolar.

A Doutora pela Universidade de São Paulo (USP) é coautora da coleção Da escola para o mundo, aprovada no PNLD 2020. Antes de continuar a leitura, confira alguns detalhes sobre a coleção:

Os projetos integradores e a sala de aula criativa

Trabalhar projetos integradores significa estar atento à realidade que cerca a escola e propor aos alunos o contato com essa realidade. Um dos ganhos desse tipo de trabalho é a possibilidade de desenvolver algo que desperte a curiosidade dos alunos com a mediação do professor.

Ou seja, nós, professores, e os alunos podemos, juntos, construir conhecimentos no contexto escolar para além dos limites da escola.

Essa metodologia pode funcionar como uma forma de despertar o interesse do aluno e transformar a sala de aula num espaço criativo, em que ideias, hipóteses e a criação de artefatos contribuem para dar sentido a conteúdos que poderiam ser vistos pelo aluno, em aprendizagens exclusivamente teóricas, como algo distante de seu interesse.

Os projetos integradores e o cotidiano escolar

Muitos professores já trabalham ou têm o desejo de trabalhar com projetos em suas aulas. Agora, surgem obras que podem servir de apoio ao trabalho com projetos: articulando propostas, etapas, sugerindo produtos e diferentes maneiras de compartilhar os resultados alcançados, ajudando, assim, o professor a integrar os projetos ao cotidiano de suas aulas.

Assessorado por essas obras, o professor vai incorporando, aos poucos, novas estratégias que abrem espaço não somente para a aquisição de conhecimentos que muitas vezes não estavam previstos em seu planejamento e se mostram adequados a abordagens criativas e inovadoras.

No caso, o aspecto procedimental é outra marca de projetos que integram mais de um componente curricular. Por conta disso, os alunos se veem diante de desafios que devem ser resolvidos utilizando conteúdos conceituais articulados a procedimentos que comumente não são trabalhados nas aulas regulares.

O cotidiano escolar se vê, assim, enriquecido por uma sala de aula mais dinâmica e por alunos mais comprometidos com seu processo de aprendizagem. 

Quer entender um pouco mais sobre a coleção Da escola para o mundo? Veja a nossa conversa da autora Roberta Hernandes e descubra mais sobre as propostas de projetos escolares:

Os projetos na sala de aula

Trabalhar com projetos demanda um professor interessado em construir o conhecimento junto com seus alunos e em dividir com eles o prazer de construir algo coletivamente.

Há muitas recompensas na escolha desse tipo de metodologia:

  • alunos estimulados e focados;
  • autonomia dos alunos no cumprimento de objetivos e tarefas;
  • uma sala de aula em que o protagonismo está dividido entre professores e alunos, culminando num produto final em que os alunos são capazes de identificar as etapas realizadas e os saberes desenvolvidos.

Os projetos podem ser, também, um momento importante para o professor explorar os conhecimentos prévios dos alunos sobre um tema, suas experiências de vida, expectativas e vê-los mobilizando conceitos que ultrapassam a reprodução ou aplicação teórica de conteúdos.

Desse modo, os projetos podem mesmo redefinir o lugar de determinados alunos no contexto da sala de aula. Alunos vistos como tímidos ou muito agitados, por exemplo, podem revelar-se, a depender da tarefa ou de uma etapa específica de um projeto, importantes lideranças e/ou portadores de saberes fundamentais para a execução de um produto parcial.

Nesse caso, cabe ao professor ou professores que encabeçam o projeto observar e estimular essa liderança e outras boas práticas que podem, inclusive, levar esses alunos a participar de modo diferente no contexto da sala de aula de cada componente, não apenas das aulas destinadas aos projetos.

Uma sala de aula criativa

O espaço da sala de aula pode se tornar, com o auxílio de um projeto instigante, um espaço de trocas e descobertas. A sala pode ser pensada tanto do ponto de vista da organização física de seu mobiliário quanto a partir da diversidade de propostas trabalhadas nela.

Por exemplo, pequenos ajustes, como retirar as carteiras das tradicionais fileiras, possibilitam um novo uso do espaço e novas formas de interação entre os alunos.

Ademais, para cada etapa de um projeto é possível pensar arranjos diversos, como agrupamento de carteiras para execução de tarefas em trios ou duplas, uma organização em círculo que favoreça um debate ou uma roda de conversa sobre determinado tema, estações de trabalho que possibilitem a montagem de objetos ou artefatos etc.

Ou seja, cada projeto e suas etapas podem demandar diferentes configurações e também diferentes modos de atuar no espaço.  Dessa forma, pode ser uma forma estimulante de revitalizar espaços que estejam desgastados ou que tenham caído numa certa rotina.

Também as atividades propostas contribuem para a construção de uma sala de aula criativa. Se todos os projetos demandarem as mesmas habilidades e contemplarem etapas parecidas, eles correm o risco de perderem o que têm de mais positivo: a abertura para o novo e para propostas diferentes daquelas que os componentes curriculares já propõem usualmente.

Daí a necessidade de pensar com antecedência nos projetos que serão apresentados e mesmo em seu encadeamento, para que continuem a desenvolver nos alunos o gosto pelo aprender diferente e despertem cada vez mais a curiosidade e o protagonismo deles.

Acesse as obras de Ensino Médio do PNLD 2021, que estão dividas em duas categorias: Objeto 1 e Objeto 2.

Hipóteses, perguntas e motivação nos projetos integradores

Uma pergunta potente é a grande aliada dos professores na hora de propor um trabalho com projetos. Se a pergunta for simples demais, fácil de responder/resolver, os alunos podem se desestimular no trabalho e sentir que ele está sendo realizado de modo protocolar.

Se a pergunta for muito difícil e o objetivo, difícil de alcançar, os alunos podem desanimar e sentir que não são capazes de realizar o projeto, o que vai na contramão do que se deseja.

Em muitas vezes, uma boa pergunta desencadeadora é resultado da experimentação do professor em aplicar esse projeto mais de uma vez.

Como toda ação pedagógica, um projeto é sempre passível de reajustes e somente com a execução de cada um deles é que se pode ter a verdadeira dimensão das dificuldades ou facilidades que os alunos possam ter em compreender que problemas estão sendo discutidos e que hipóteses são válidas.

O importante é incentivar os alunos a não ter medo de explorar teorias, ideias, inventar. Por isso, a chave para alunos mais criativos e críticos está na possibilidade que eles possam ter em se permitir errar, tentar de novo, buscar saídas para problemas não previstos, formular alternativas.

Ou seja, agir de modo ativo frente a questões reais e desafios concretos como o de criar um livreto de cordel ou uma estação meteorológica amadora.

A postura do professor deve ser sempre a de incentivar os alunos e mediar sua relação com o conhecimento, sem se colocar como aquele que resolve os problemas e possui todas as respostas de antemão.

Os projetos integradores e o livro didático

O livro didático pode ser um aliado do professor que trabalhe com projetos integradores. Por apresentar projetos que envolvem diferentes componentes, conteúdos, procedimentos, competências e habilidades, serve como suporte para professores de diferentes componentes que queiram, juntos ou individualmente, trabalhar projetos em sala de aula.

Além da fundamentação teórica que torna claros os objetivos educacionais e as competências e habilidades desenvolvidas, o didático propõe um caminho em que conhecimentos mais simples podem se tornar, ao longo do estudo, saberes mais complexos.

A organização de cada projeto por meio de etapas que apresentam subprodutos, a presença de boxes explicativos, a proposição de um produto final e a reflexão sobre o percurso e as aprendizagens, conceituais e socioemocionais, que o projeto possibilita desenvolver são algumas das ferramentas a serviço do professor presentes no livro didático.

Dois exemplos práticos

Primeiramente, a cultura do boi atravessa o Brasil. Está presente em inúmeras festas populares, como a do Bumba meu boi, que permite o trabalho com os componentes de Língua Portuguesa, Arte e História, por exemplo.

Um projeto envolvendo essa festa permite a discussão do conceito de patrimônio cultural imaterial, além de aspectos identitários que estão na base da formação do povo brasileiro.

Trazer a prática da festa para a reflexão dos alunos e propor a eles que montem a festa, desde seu figurino até o cenário, as músicas e a dramatização que fazem parte dela.

A partir disso, essa prática traz um novo olhar do aluno para a cultura e a comunidade de que participa.

A finalização pode contar, nessa perspectiva, com a participação de toda a comunidade escolar, levando os alunos ao papel de protagonistas de sua aprendizagem, ao encenar a festa, recriada por eles, a um público real, que está ali para a fruição da festa e não para uma apresentação teórica sobre o Bumba meu boi.

E o futebol?

Outro projeto significativo no contexto da sociedade brasileira pode ter como temática o futebol. Questões envolvendo saúde, esporte e rendimento e o lugar da mulher nesse esporte abrem a possibilidade de mobilizar conhecimentos de diferentes componentes, como Educação Física, Matemática, Ciências e História.

Conceitos como esporte, desempenho, saúde, performance pode ser tratados a partir de dados estatísticos, por meio da comparação entre jogadores.

Dessa forma, a formulação de tabelas e gráficos que tradicionalmente se restringem a componentes como matemática e ciências ganha um novo significado nesse contexto.

O futebol feminino, que vem ganhando destaque na mídia nos últimos anos, torna-se tema de discussão e propicia um olhar crítico sobre a dimensão do futebol como mercadoria e o lugar das mulheres praticantes desse esporte no contexto do Brasil.

Como finalização, é possível ir além de um produto que dê conta apenas das discussões realizadas e pensar em algo que envolva posicionamento, escolhas e prática esportiva.

Finalmente, compor um álbum de figurinhas em que o gosto pessoal se alie a critérios pré-definidos para a valorização de um determinado jogador ou jogadora permite que o projeto se conclua de forma lúdica. Melhor ainda se o lançamento desse álbum acontecer num torneio esportivo envolvendo familiares e alunos.

Conclusão

Por fim, trabalhar com projetos integradores é uma prática que, com o suporte do livro didático, e a parceria entre alunos, professores e a comunidade pode auxiliar, de modo relativamente simples, a transformação da sala de aula em um espaço de práticas inovadoras e de incentivo à criatividade.

O projeto integrador, assim como todos os materiais distribuídos pelo PNLD 2020, é alinhado à Base Nacional Comum Curricular. Quer ver algumas formas de inserir a BNCC no trabalho em sala de aula? Baixe nosso e-book gratuito e confira como considerar a Base no planejamento das aulas.

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