O livro didático como recurso pedagógico
Ao longo dos anos, o livro didático (LD) tem sido um recurso utilizado pelos docentes. Ao longo desses anos, muitas mudanças aconteceram no âmbito educacional: novos documentos oficiais, novas diretrizes, novos comportamentos sociais, novas tecnologias, etc. E, com todo esse combo de transformações, naturalmente, o LD também precisou se adequar a novos cenários e paradigmas.
Mas algo é certo: ele continua fortemente arraigado nas culturas do ensino e da aprendizagem, mesmo sendo um instrumento de controvérsia para muitos educadores.
A controvérsia ocorre pelo fato de alguns professores acharem que o LD “enfraquece” a sua autonomia, uma vez que o livro apresenta a sugestão de roteiro a seguir.
No entanto, muitos educadores fazem do livro didático um importante aliado de seu planejamento pedagógico e, de fato, ele pode ser assim concebido.
Livro didático: um aliado do docente
Existem algumas possibilidades interessantes para que o LD cumpra com este fim. Adiante, elencaremos algumas:
1)O LD é de definição do corpo docente, levando em conta os critérios que melhor se afinam com a proposta pedagógica em adoção pelos professores:
- temáticas,
- conteúdos,
- sistematização didática,
- referencial teórico,
- disposição gráfica, etc.
Todos esses pontos são imprescindíveis na escolha da obra didática. Além isso, vale a pena conferir o guia das obras didáticas aprovadas pelo PNLD (Programa Nacional do Livro Didático). O guia apresenta as resenhas das obras com avaliação pela equipe de profissionais responsáveis pela análise.
2) O LD não é um manual de dicas. Ele é um norte, um ponto de partida para auxiliar na prática docente. Nenhum livro fica “completo”, sempre vai haver lacunas: conteúdo que não está bem explorado, uma atividade que pode ser melhor contextualizada, a teoria que necessita de maior respaldo teórico ou a sequência de conteúdos que não contempla totalmente o planejamento do professor, etc.
E o ideal é que seja assim, pois o LD é um dos inúmeros recursos didáticos possibilitados aos docentes. Ele não deve ser uma amarra e sim uma alternativa para os processos de ensino e de aprendizagem.
Leia também: A importância do livro didático na prática pedagógica.
3) Assim como quem escreve um material didático seleciona os textos e as atividades que irão compor o seu material, os professores, ao terem em mãos o LD que irão trabalhar ao longo do ano, devem selecionar o que de fato importa para o seu planejamento. O LD não acaba se utilizando em sua completude (da primeira à última página) e na sequência que vem nele estabelecida.
O professor tem autonomia para selecionar o que de fato é importante e necessário explorar, aprofundar com os alunos, bem como alterar a sequência, pular páginas, capítulos e unidades. O professor deve atuar como coautor do LD que escolhe.
4) Os docentes precisam conhecer a fundo o LD que irão trabalhar junto aos estudantes. Muitas vezes, a obra traz uma vasta e rica sugestão de leitura (livros, sites, filmes, músicas etc.) que não é levada em consideração.
Algumas dessas indicações podem ser um “prato cheio” para pesquisas, debates, produções, projetos etc. e que às vezes passam despercebidas aos olhos dos docentes e, consequentemente, aos olhos dos alunos (nem sempre!). Vale a pena consultar as indicações que o LD traz, pois podem ser de grande valia para as aulas.
5) Além de ficar atento às indicações de leitura trazidas no decorrer das páginas do LD, é sempre muito válido ler com afinco o Manual do Professor.
Nele, geralmente, há informações importantes pontuadas por quem escreveu a obra, tais como a fundamentação teórica adotada, o objetivo de cada seção que compõe o material, a exploração das unidades/capítulos e as sugestões de atividades extras que nem sempre estão visíveis nessas unidades/capítulos.
Muitos outros pontos poderiam ser aqui mencionados a respeito de como podemos utilizar de forma mais criteriosa o LD.
Acesse o material para download: Livro literário e interdisciplinaridade: o poder dessa mistura.
Conclusão
Inserimos apenas algumas orientações quanto ao uso desse recurso que pode ser um forte aliado dos professores. Para tanto, é preciso que os docentes façam uma escolha assertiva e que explorem as sugestões oriundas do LD de modo a favorecer a sua prática e, o mais importante, assegurar uma aprendizagem mais significativa para os estudantes.
Helga Cezar
Possui mestrado e doutorado em Letras/Linguística pela UFPE. Atuou como professora das redes pública e particulares e como formadora dessas redes. Atualmente, coordena o Núcleo de Produção de Conteúdo e Formação das Editoras Ática, Saraiva e Scipione para a rede pública.