MENU

Jogos cooperativos como ferramenta educacional no ensino de Matemática

14 de dezembro de 2021
E-docente

A estrutura de jogos cooperativos sempre nos remete a um ganhador e, por conseguinte, aos perdedores. Quantos estudantes na sala evitam jogar, pois sempre perdem? Ou aquela situação em que pedimos para formar duplas para um jogo e os excluídos são sempre os mesmos? Inclusive, as próprias crianças verbalizam: “com ele, não vou jogar, pois sempre perde!”.

Lamentavelmente, essa situação é bastante constrangedora e fortalece uma cultura competitiva segregando os “bons” dos “ruins”. O ambiente da sala de aula deve favorecer melhores oportunidades de aprendizagem, no qual todos ensinam e aprendem de forma colaborativa, e isso requer também colocar o jogo a serviço desse espaço.

Dicas de Jogos Cooperativos Para Ensinar Matemática

O Mais Perto Possível: Diferenças e Arredondamentos

Utilizar as cartas do baralho de ás (que vai valer 1) a 9. Em cada rodada, cada jogador sorteia três cartas ao acaso. Para cada rodada, é dado um número de referência. Os jogadores deverão formar com suas cartas, usadas como algarismos, um número que se aproxime ao máximo do número dado.

Os jogadores determinam as diferenças entre seus números e o número de referência. Aquele que chegar mais perto na rodada deverá ser o ajudante de um colega na próxima rodada.

Sugestões de números para as rodadas: 500, 150, 1000, 325, 780.

Variações: Utilizar uma carta representando o zero (o curinga ou uma figura); utilizar só duas cartas, tendo como referência números de dois dígitos; ou ainda utilizar as fichas escalonadas.

Orientações: O ajudante pode ir mudando de mesa, assumindo essa posição em outros grupos. Nessa situação, reside a sorte nas cartas viradas, contribuindo para que todos os estudantes possam assumir esse papel.

Salute: Fatos Básicos

Utilizando as cartas do baralho de ás (que vai valer 1) a 10, dois jogadores, colocados frente a frente, recebem 5 cartas cada um. Cada um retira uma carta do seu monte, sem olhar, e a segura na testa virada para o outro jogador, dizendo “salute”. Um terceiro jogador olha as duas cartas e diz o resultado da soma das duas cartas. Cada jogador deve tentar descobrir o valor de sua carta. 

[MIOLO]

Variações: em vez da soma, pode-se sugerir que seja calculado o produto; inserir uma carta que valerá zero (o curinga ou uma figura).

Orientações: os alunos devem se alternar nos diferentes papéis, ora retira a carta, ora é responsável pela soma. Quando necessário, disponibilizar materiais para contagem.

Como utilizar jogos cooperativos de forma correta?

Você deve estar pensando: “Mas esses jogos são competitivos! Teremos ganhadores e perdedores”. Convém salientar que, mesmo utilizando um jogo no qual haverá um vencedor, algumas orientações podem, ou melhor, devem assumir o caráter colaborativo. Vejamos as possibilidades:

Após algumas rodadas, duas ou três, organizar uma roda de conversa para socializar as estratégias de pensamento mobilizadas.

Intervenções para o jogo “O mais perto possível”:

  • O que devo observar primeiramente? 
  • É melhor iniciar a montagem do número pela unidade ou pela centena? 
  • Quais são os critérios para pensar no número mais próximo? 

Intervenções para o jogo “Salute”:

  • Como penso qual é a minha carta, a partir da carta do meu amigo?
  • Como posso pensar o número da minha carta, a partir do resultado da soma?
  • Quais estratégias posso usar para calcular a soma das cartas?

Papel do ajudante:

  • Como posso ajudar sem dar a resposta?

Essas intervenções potencializam a constituição de um caminho imprescindível para a aprendizagem significativa, o espaço de sistematização das aprendizagens. Cabe ao docente, colaborativamente, conduzir o registro dos processos matemáticos mobilizados, validando as diferentes estratégias.

Por exemplo, no jogo “Salute”, teremos crianças que mobilizam diferentes estratégias:

  1. a sobrecontagem – os estudantes partem da quantidade visível da carta e contam até chegar na soma que foi expressa pelo colega: “vejo 6 e sei que o resultado é 15; então, vou contando a partir do 6 para descobrir a diferença 9”.
  2. a diferença a partir da decomposição“a soma é 15; então, preciso tirar 6. Posso tirar 5 e fica 10, tiro mais 1 e obtenho 9”.
  3. um fato básico“6 + 6 = 12, com mais 3 chegarei a 15; então, precisei somar 9”.

Quando os(as) estudantes percebem a validação dos processos, buscam aperfeiçoar as suas próprias formas de pensamento. Desse modo, esse primeiro momento de sistematização confere a dimensão colaborativa e permite novas rodadas no jogo, em que as construções apresentadas vão sendo empregadas e, consequentemente, passam a ser incorporadas aos saberes de cada estudante.

A posteriori, outro momento rico é a produção de situações-problema a partir das experiências vivenciadas. Em duplas, os(as) estudantes criam os textos e trocam entre as duplas para resolução.

Esse percurso propicia experiências nas quais os estudantes realizam sucessivas aproximações com o objeto de ensino, e o docente garante condições para que todos avancem dentro do seu próprio tempo, respeitando os saberes de cada um e de todos! 

Gostou de saber mais sobre jogos cooperativos e quer saber mais sobre o ensino de matemática? Então confira o conteúdo que preparamos sobre o tema!

Leonora Pilon Quintas 

Professora com ampla experiência na docência da Educação Básica e Ensino Superior, incluindo a atuação como Gestora na Secretaria Municipal de Cubatão em São Paulo, com a implantação do Ensino Fundamental de 9 anos e o Ciclo de Alfabetização. Também atuou como gestora implementando a gerência de avaliação da aprendizagem no grupo Anima Educação. Por 20 anos, vem mediando o desenvolvimento profissional de professores em assessorias com temáticas sobre currículo, didática e avaliação. 

Compartilhar: