Ensino Fundamental: transição do 5º para o 6º ano
O Ensino Fundamental 1 e 2 Básico é uma etapa muito importante na vida escolar do aluno brasileiro. Além de ser a mais longa, é quando ele passa pelas principais transformações na sua vida, em especial a passagem da infância para a adolescência.
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Existe um desafio histórico que ainda hoje precisa se trabalhar bem: a transição do Ensino Fundamental 1 e 2.
Essa transição é complicada ao envolver uma série de mudanças na estrutura curricular, no perfil de professores e com os próprios alunos.
Neste artigo, confira dicas sobre como fazer para que a passagem dos anos iniciais para os finais do Ensino Fundamental seja fluida e tranquila ao aluno.
A transição do 5º para o 6º ano
Primeiro, é preciso salientar que, apesar dos desafios, essa transição não é um problema para a escola, que precisa de resolução a qualquer custo.
A transição deve ter como preceito uma oportunidade para ajudar os alunos a compreenderem suas novas responsabilidades e deveres e avançarem para uma nova fase de suas vidas.
Para passar da transição do 5º para o 6º ano do ensino fundamental com tranquilidade, é imprescindível que se tenha um esforço conjunto de todos no ambiente escolar. Essa ação inclui professores, servidores, coordenadores e diretores.
Como preparar os alunos para transição do Fundamental 1 e 2
É importante que o trabalho realizado para evitar problemas causados pela transição comecem ainda no 5º ano, último do Ensino Fundamental 1.
Separamos algumas dicas para auxiliar você e a sua escola nesse momento:
Converse com os alunos ainda no 5º ano sobre o 6º ano
No último ano dos anos iniciais do Ensino Fundamental, a escola pode apresentar para os alunos do 5º ano quais serão seus novos professores no ano seguinte. É possível organizar esse encontro em um formato mais informal.
Uma boa opção é um bate-papo, para que os alunos sintam-se à vontade para questionarem e exporem seus anseios.
Nessa ocasião, os professores dos anos finais podem aproveitar para apresentar seu modo de trabalho e outros pontos.
Assim, eles ajudam os alunos a diminuírem a ansiedade do primeiro dia de aula no ano seguinte.
Prepare os alunos do 5º ano ainda em sala
Não é preciso esperar o 6º ano para expor os alunos a uma maneira completamente nova de desenvolver os conteúdos. O próprio professor do último ano do Fundamental 1 pode fazer esse papel.
Selecione algumas aulas e comece a introduzir algumas características do Ensino Fundamental 2 em sala. Por exemplo, é comum que o aluno aprenda a preencher gabaritos de questões objetivas.
O professor, então, passa um teste em que os estudantes preenchem um gabarito e observe como eles se saem, que dúvidas vão surgir e quais os principais problemas vistos para melhor trabalhar no 6º ano.
Proponha rodízio de professores no 5º ano
Outra ação que pode ajudar os alunos a se ambientar com a estrutura dos anos finais do Ensino Fundamental envolve ver como é ter professores diferentes.
Em algumas escolas, existe a regra que os alunos tenham dois professores, que se revezam em duas disciplinas gerais: uma inclui matemática e ciências e a outra, português, história e geografia.
Se a sua escola não faz isso e possui mais de uma turma de 5º ano, proponha a ela testar esse rodízio no último ano e teste para sentir o impacto dessa mudança nos alunos.
Se os resultados forem positivos, quem sabe vire uma política na escola e você terá dado mais um passo no sentido de mitigar os problemas causados pela transição do 5º para o 6º ano do Ensino Fundamental.
Apresente o espaço onde ocorrem as aulas do ensino fundamental 1 e 2
Em algumas escolas, o espaço onde acontecem as aulas do Ensino Fundamental 1 é diferente de onde ocorrem as aulas dos anos finais. É o caso da sua escola?
Se sim, saiba que isso pode ser um problema para o aluno no início do 6º ano, pois ele pode se sentir perdido no novo espaço, visto que verá a necessidade de se habituar a outro espaço da escola.
Somando isso à nova estrutura do currículo e outros problemas da transição, você terá como resultado um aluno ansioso e com grande potencial de perder sua motivação de início de ano.
A dica é aproveitar algum momento no 5º ano para já apresentar aos alunos o espaço onde estudarão nos anos seguintes, mostrando onde ficam:
- Salas;
- Cantinas;
- Banheiros;
- Laboratórios e outros espaços que eles venham a estar com mais frequência nos anos seguintes.
Crie uma cartilha de informações importantes sobre o 6º ano
Mesmo com todas as atividades anteriores, é preciso lembrar que entre um ano e outro os alunos terão quase dois meses de férias. Muita informação é até perdida nesse tempo, inclusive o aprendido acerca do 6º ano.
Proponha para a escola a criação de uma cartilha com todas as informações que o aluno do 5º ano vai precisar para receber o 6º da melhor forma possível.
A cartilha pode contar ainda com uma explicação da diferença entre as etapas do Ensino Fundamental 1 e 2.
Podem estar presentes as demais mudanças que vão ocorrer na escola, como ter professores especialistas, currículo com mais disciplinas, troca de espaços etc.
Lembre-se que a cartilha tem o objetivo de ajudar o aluno a tirar dúvidas e se habituar com mais rapidez e facilidade aos anos finais.
Portanto, tome cuidado com a linguagem e a produção da cartilha, para não passar a impressão de que o Ensino Fundamental 2 é um bicho-de-sete-cabeças.
Faça uma recepção especial aos alunos do 6º ano
No primeiro dia de aula dos alunos do 6º ano, que tal realizar uma atividade diferente? Recepcioná-los com palestras, rodas de conversas e um lanche diferente pode ser uma boa estratégia.
Aproveite esse momento para explicar novamente a mudança no perfil dos professores e apresentá-los aos alunos.
É válido falar das alterações na estrutura curricular e comentar sobre as disciplinas. Enfim, organize uma agenda dinâmica e lúdica, mas bem informativa para os alunos.
Reunião de pais e professores
Outra sugestão para eufemizar o efeito da transição envolve organizar uma reunião com os pais e responsáveis dos alunos do 5º ano no final do ano letivo.
O objetivo é explicar aos familiares as mudanças com as quais os alunos passarão no ano seguinte.
Aproveite para explicar a eles tudo o que já deve ter sido explicado aos próprios alunos, para que se, nas férias, os estudantes fizerem perguntas aos pais, eles estejam preparados para responder.
Se possível, já agende novas reuniões para o ano seguinte, garantindo os alinhamentos sobre o desenvolvimento de seus filhos nessa nova fase do Ensino Básico.
Monitoramento frequente
Preparar aulas, produzir e corrigir testes e provas e fazer os planejamentos necessários para a rotina docente é bastante trabalhoso.
Mas é importante que, pelo menos para os alunos do 6º ano, a atenção seja redobrada com a realização de análises e diagnósticos mais frequentes sobre o desempenho e níveis de engajamento e motivação deles.
Essa tarefa, claro, divide-se entre professores, coordenação pedagógica e direção, cada um dentro de duas capacidades e possibilidades, pois a transição entre o Ensino Fundamental 1 e 2 é responsabilidade de todos.
Com esse monitoramento acontecendo ao longo do ano, será possível detectar os problemas antes do fim do período letivo e planejar algumas ações específicas para ajustá-los o quanto antes.
Trabalhe os problemas que já foram observados nas turmas anteriores
Você, professor, já deve ter experiência em sala de aula e ter observado quais são os principais problemas que os alunos enfrentam.
Portanto, você pode aproveitar esse conhecimento para pensar em estratégias que ajudem a superar esses problemas.
Um exemplo é a desorganização com o material escolar.
Lembre-se que, a partir do 6º ano, há mais cadernos e livros didáticos para manusear, então os alunos precisam aprender a organizar o material didático de forma produtiva, o que inclui organizar caderno, livros, horários das aulas etc.
Com essas ações, e outras que você pode planejar em ambiente escolar, os alunos conseguirão fazer a transição entre as etapas do Ensino Fundamental sem formar traumas.
O importante é garantir que os alunos enxergarão essa nova fase como um novo desafio a ser encarado e transpassado, não como algo impossível e que impõe medo.
A síndrome do 6º ano – saiba como superá-la
Apesar de todas as dicas dadas aqui, e por mais que você implemente e tenha sucesso com todas, é possível que o professor enfrente dentro de aula alguns alunos sofrendo da Síndrome do 6º ano. Já ouviu falar?
A Síndrome do 6º ano é um conjunto de atitudes e comportamentos dos alunos relatados com frequência pelos professores, como negligência, indisciplina, falta de atenção e brincadeiras constantes.
Chama-se assim porque essas atitudes são mais habituais no 6º ano, justamente em virtude da transição que os alunos estão passando.
Esses comportamentos acontecem porque os alunos podem ainda não ter compreendido completamente suas novas responsabilidades e o desafio que se apresenta para eles nessa nova fase.
Soma-se a isso as mudanças psicológicas e fisiológicas pelas quais eles passarão de forma muito mais acelerada e o fato de deixarem de ser tratados como crianças.
Para diminuir os efeitos da Síndrome do 6º ano, os alunos precisam estar comprometidos com seus estudos e com seu desempenho.
Para isso, a escola pode fazer um plano especial, criando uma rotina padrão sobre as tarefas, as lições de casa, as provas e demais atividades extraclasse. Com isso, regras são criadas, logo, as consequências de descumpri-las.
Além disso, você pode investir no uso de metodologias ativas no processo de ensino e inserir mais atividades práticas e lúdicas no início, para captar a atenção dos alunos e fazer com que acompanhem melhor a disciplina ao longo do ano.
Conclusão
Seguindo todas as dicas dadas até aqui, os alunos conseguirão se inteirar deste novo ciclo educacional de forma mais tranquila. Assim, continuarão engajados e não diminuirão sua produtividade e desempenho.
Já os professores, estarão mais seguros para lidar com alunos, tendo plena consciência de seus papéis nessa nova fase.
Também estão mais preparados para minimizar o medo envolvido na transição do Ensino Fundamental 1 para o 2, fazendo seu ano letivo ser mais leve.
Para a coordenação pedagógica e direção, os maiores benefícios são a redução das chances de problemas de indisciplina e mal comportamentos e, ainda mais grave, de evasão escolar.