Volta às aulas!
É hora de volta às aulas! A temporada de férias, momento fundamental em que a comunidade escolar faz uma saudável parada para imergir em outras atividades, é sempre maravilhosa. Mais momentos em casa, brincadeiras com a vizinhança, mudança de rotina, dormir sem a preocupação de acordar cedo e a vida um pouco mais distante do relógio é uma mudança de ritmo que colabora para o relaxamento e a socialização em espaços não escolares.
As férias são sempre tão agradáveis que a volta às aulas é sentida pela comunidade escolar. É um misto de nostalgia, alegria e certa dose de ansiedade.
O cheiro do livro novo e da borracha, ainda bem limpinha, revela que o ano começou. Os novos arranjos das composições das salas de aula, corpo docente do novo ano e novidades no currículo mexem bastante com todos/as.
Estudantes, professores/as, demais componentes da equipe pedagógica, pais e mães passam, naturalmente, a estabelecer novas relações e anseios diante desse espaço. Todos/as precisam se preparar para essa retomada!
O acolhimento, o diálogo e o planejamento são fundamentais para aquecer os motores para uma jornada repleta de momentos de rico aprendizado. Docentes, equipe pedagógica, estudantes e famílias precisam, cada um em seu espaço e à luz de suas experiências e especificidades, ser envolvidos nesse processo.
Acolher é o ponto de partida na volta às aulas
Sabe aquela sensação maravilhosa de chegar em um lugar e ser super bem recebido/a e perceber que muito carinho e cuidado foi depositado no processo? Pois então, é momento de preparar cuidadosamente a escola para a chegada da comunidade escolar.
É preciso pensar em datas e atividades específicas para o retorno dos/das alunos/as, docentes e familiares.
Algumas escolas focam no acolhimento única e exclusivamente dos/as estudantes, deixando familiares para o encontro Escola-Família e a equipe pedagógica para a semana pedagógica, às vezes, somente no meio do ano.
Porém, o acolhimento é essencial, já no início do ano, para que toda a comunidade se sinta bem recebida e pertencente ao espaço.
Certamente novos rostos e corpos farão parte da comunidade em um novo ano. Os corpos e rostos do ano anterior, mesmo que sejam os mesmos, retornarão com mudanças físicas, emocionais e relacionais. As famílias passarão por reconfigurações ou estarão enfrentando diferentes realidades. É preciso olhar nos olhos, chamar para perto e ouvir.
Existe uma infinidade de dinâmicas de acolhimento que contemplam a troca de experiências vividas, promovem a integração e a interação.
Dinâmicas de acolhimento para volta às aulas
Para os/as estudantes, é interessante utilizar atividades que contemplem a narrativa de histórias vividas nas férias, rodas de diálogo, momento para conversa entre duplas ou trios, caminhadas pela escola, jogos teatrais e demais atividades lúdicas são sempre muito bem-vindas.
Os/as estudantes precisam sentir que muito afeto foi depositado nesse planejamento do retorno e que esse espaço os acolhe de braços abertos.
Já para os/as professores/as e demais membros da equipe pedagógica, o acolhimento pode ser no sentido de promover um positivo momento de retorno ao trabalho.
Pensar em uma programação que contemple um lanche coletivo, momento para que possam partilhar um pouco das férias entre os colegas, dinâmicas de entrosamento e apresentação de novos membros são interessantes.
É fundamental estabelecer o acolhimento e a descontração antes de iniciar com profundas reflexões pedagógicas, questões administrativas ou com o planejamento escolar.
Em relação às famílias, ainda na primeira semana do retorno às aulas, uma reunião de acolhimento, informes gerais e um momento de escuta das expectativas para o ano em curso colaboram na criação de uma atmosfera de proximidade e trabalho coletivo.
Mães, pais e demais membros responsáveis pelo acompanhamento pedagógico dos/as estudantes precisam ser chamados/as para compreender cada vez mais sobre o funcionamento da escola (calendário, horário das aulas, atividades de campo, eventos e demais atividades) e, sempre que possível, vivenciar encontros com pautas pedagógicas interessantes para a atualidade.
Mapear e ajustar o planejamento
A duração das férias escolares costuma variar de acordo com os calendários das diferentes instituições; no entanto, a média geral gira em torno de 40 dias. Nesse período, muita coisa aconteceu, e os estudantes retornam com uma base de experiências que precisa ser cuidadosamente analisada pela equipe docente.
Isso é essencial para ventilar novas ideias, alinhar os planejamentos do ano em curso, garantindo a escuta das vozes estudantis, com seus interesses, dúvidas, curiosidades, e oportunizando progressões de aprendizagem, tanto de forma coletiva quanto individual.
É fundamental conduzir uma avaliação diagnóstica ao longo do primeiro mês do retorno, utilizando diferentes instrumentos de análise. Isso permitirá ajustar o planejamento de acordo com as estratégias pensadas para o grupo analisado.
Para mais informações sobre progressões de aprendizagem, acesse o texto publicado no e-docente em 11/01/2024 clicando aqui.
Promover a cultura para o estudo
Durante o período de férias escolares, é natural que a rotina de estudos fique de lado.
No entanto, na volta às aulas, é importante resgatar, junto aos estudantes, a cultura de estudos por meio de atividades que destaquem a importância de manter uma rotina de leitura, realizar atividades escolares, ter acesso a livros literários, filmes, músicas e jogos que contribuam para o aprendizado.
A promoção de uma cultura de estudos não se resume à criação de um mapa de estudos que preencha a semana do estudante.
O mapa é apenas um instrumento que faz parte da promoção dessa cultura, que deve ser enriquecida por estímulo a atividades que proporcionem prazer e tenham significado para o estudante. Estudar não deve ser encarado como um sacrifício ou algo que leve o aluno/a à exaustão.
Ao pensarmos na cultura de estudo, é crucial lembrar que os estudantes são jovens que precisam, além de estudar, movimentar o corpo com atividades físicas, estimular a criatividade e ampliar a compreensão do mundo por meio da vivência de linguagens artísticas.
Além disso, é essencial considerar a necessidade de descanso e de noites de sono com qualidade. A promoção da cultura de estudos reside no equilíbrio entre as atividades escolares, práticas de esportes, expressões artísticas, descanso e estudos complementares.
Orientar os alunos
Algumas escolas contam com orientadores educacionais que podem colaborar significativamente na reflexão individual sobre a promoção da cultura de estudos. Sempre que possível, esses profissionais podem revisitar os planejamentos concebidos para o estudante para um determinado período.
É fundamental também estimular a autonomia do/a aluno/a nesse processo, permitindo que ele/a possa, gradativamente, desenvolver habilidades para se organizar independentemente nos estudos e conciliar outras atividades de interesse.
O uso de uma agenda escolar contribui significativamente para esse processo, tornando-se um local eficaz para o registro de demandas escolares e extraescolares. Pode-se utilizar a agenda da escola, se disponível, ou mesmo agendas comerciais ou planejadores disponíveis gratuitamente na internet.
O essencial é dedicar um momento para trabalhar com os estudantes a sistematização da rotina, gerenciamento do tempo e estímulo ao descanso. O início do ano letivo é o momento apropriado para isso.
Às vezes, a equipe pedagógica deixa para iniciar as atividades de orientação para os estudos apenas quando os estudantes começam a apresentar dificuldades na aprendizagem após um bimestre de aulas. Antecipar-se é muito interessante e tende a gerar resultados bastante positivos.
Outro ponto importante a trabalhar no início do ano está relacionado às regras de convivência no espaço escolar.
É crucial resgatar com todos a importância da cordialidade, da gentileza e do estabelecimento de uma comunicação não violenta, bem como promover o respeito às diversidades (gênero, sexual, religiosa, cultural, racial etc.), a manutenção da limpeza e do patrimônio escolar, o zelo pelos itens pessoais e o uso adequado do celular.
Conclusão
A efervescência da volta às aulas torna-se um terreno fértil para o estabelecimento de muitas ações positivas com toda a comunidade escolar.
É fundamental saber aproveitar esse momento para envolver todos/as em uma atmosfera de entusiasmo, estabelecimento de metas e trajetórias de aprendizagem, reforço aos compromissos com o espaço escolar e compreender, sempre e sempre, que a educação se faz na coletividade, com compromisso e respeito às diferenças.
A escuta, o diálogo e o acolhimento são vias potentes para ajustar as rotas sempre que necessário e fortalecer o espaço educacional, de forma que, a cada ciclo de ano que se inicia, novas trajetórias aconteçam com toda a boniteza que a escola tem.
Referências
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PASCOAL, M.; HONORATO, E. C.; ALBUQUERQUE, F. A. O orientador educacional no Brasil. Educ. Rev. n.47, 2008.
GIACAGLIA, L. R. A. Orientação educacional na prática: princípios, técnicas, instrumentos. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002.