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Pensamento Computacional no Ensino Fundamental: Qual a importância?

26 de maio de 2023
E-docente

Você já parou para refletir sobre a maneira como pensamos?
E sobre o pensamento computacional?

Ao longo da história, muitos pensadores buscaram entender o mundo, modelar a percepção sobre ele e gerar ideias para interpretar tudo o que é imaginável. 

Quer saber mais sobre a importância do pensamento computacional no Ensino Fundamental? Então, confira o conteúdo a seguir!

O que seria o pensamento computacional?

O ato de pensar é, realmente, um processo complexo, pois engloba uma variedade de atividades psicológicas como situações e assuntos que enfrentamos no dia a dia (pessoas, lugares, objetos, sentimentos; passado, presente e futuro, entre outros).

Se olharmos sob a perspectiva biológica, veremos que pensar se refere a processos físico-químicos sequenciais que os neurônios realizam para processar dados.

Eles usam estímulos elétricos ou impulsos nervosos, que são executados e organizados pelo cérebro, para gerar informações e executar ações voluntárias (falar, comer, andar) e involuntárias (respiração, digestão, suor).

Logo, em um sentido amplo, pensar é um processo elaborado por nossas mentes, que surge mediante atividades racionais ou por abstrações da imaginação.

A reação aos estímulos elétricos (conscientes ou inconscientes) permite que sejam identificados problemas (como, por exemplo, identificar que em determinadas áreas há abundância de alimentos), e que sejam criadas hipóteses/ideias para vencer as barreiras e facilitar a vida (como, por exemplo, criar um sistema de irrigação para aumentar a produção de alimentos).

Consequentemente, existem diferentes teorias, que, ao longo dos séculos, visaram captar traços característicos do ato de pensar. Há, também, distintos tipos de pensamento, que englobam, de maneira interdependente, ações como: 

  • raciocinar, 
  • imaginar, 
  • formar conceitos, 
  • tomar decisões, entre outras. 


Penso, logo existo: o pensamento científico

“Penso, logo existo”! Você se lembra dessa célebre frase, não é mesmo? Ela foi criada pelo pensador francês René Descartes e sintetiza o poder que o ato de pensar reflexivamente possui.

Em seu livro “Discurso do Método”, o filósofo, que propôs o método cartesiano, fez contribuições que serviram de base para a construção do método científico e da filosofia moderna.

Ao enaltecer o desenvolvimento do pensamento espontâneo (imediato) para o reflexivo (mediado) e questionar, em um primeiro momento, tudo o que se tem estabelecido como verdade absoluta, o pensamento descartiano assume que a primeira verdade é a existência do ser – “penso, logo eu sou”.

Tais contribuições influenciaram no surgimento de outros métodos, que juntos ganharam força ao promover o desenvolvimento socioeconômico e tecnológico, e ao constituir o conhecimento como pilar fundamental da sociedade contemporânea.

Por meio de tais métodos, conseguimos desenvolver conhecimentos especializados, como, por exemplo, a genética (e a descoberta sobre como é gerada a vida). Descobrimos curas para algumas doenças, construímos aviões, prevemos terremotos, descobrimos galáxias, automatizamos indústrias e geramos um fluxo de informação sem precedentes, com o uso da internet.

Logo, essa sistematização de operações racionais (aprendizagem), que levam à construção do conhecimento, requer, cada vez mais, a capacidade de realizar análises, sínteses, comparações, generalizações e abstrações. 

Educação: as demandas do mundo atual

Acompanhando essas mudanças que envolvem o avanço da tecnologia interligada às atividades socioeconômicas, os sistemas educacionais buscam dar conta e preparar os estudantes para refletir e atuar no mundo globalizado.

Nesse cenário atual, caracterizado pela complexidade das relações, há urgência em solucionar questões relacionadas a pautas sociais, ambientais, sanitárias, éticas, entre outras – Conheça os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU.

Consequentemente, a habilidade de resolver problemas e desafios de forma eficiente torna-se cada vez mais importante.

Sabemos que resolver situações-problema não é uma tarefa simples, porém é possível sistematizar uma sequência de etapas para auxiliar no desenvolvimento de uma solução viável.

Nesse sentido, o pensamento computacional pode ser uma excelente alternativa, apresentando-se como uma abordagem que inclui uma gama de recursos mentais, usada para identificar e solucionar problemas, incentivando a sistematização em etapas com o uso de conceitos básicos da computação – para entender melhor o conceito, recomendamos a leitura do artigo: O trabalho com o pensamento computacional.

Pensamento computacional: uma sistematização do raciocínio lógico

Uma proposta estruturada sobre a forma de pensar – derivada do pensamento computacional – pode ajudar a tornar o processo de solucionar problemas e desafios mais objetivo e eficiente.

Sua aplicação é distribuída em 4 (quatro) pilares, que organizam e facilitam a identificação, a compreensão e a resolução de problemas, os quais são assim distribuídos: 

  1. Decomposição: o estudante divide um assunto ou um problema em partes menores, o que facilita a análise e a posterior resolução, aumentando a atenção aos detalhes, posto que cada parte é trabalhada por vez.
  2. Reconhecimento de padrão: o estudante busca identificar elementos, características que se repetem nos desafios, um padrão que já utilizou, associando o assunto a outros conhecimentos já adquiridos.
  3. Abstração: o estudante deve focar no centro do problema, separando os elementos relevantes daqueles que podem ser ignorados, delimitando o foco para o que é essencial.
  4. Pensamento Algorítmico: o estudante cria um conjunto de regras e estratégias que, juntas, configuram a resolução do problema.

Apesar de parecer complicado, o processo é mais fácil do que se imagina. O pensamento computacional pode ser aplicado em todas as áreas de conhecimento e é usualmente empregado por todos nós em situações do dia a dia, como, por exemplo, escovar os dentes, andar de bicicleta ou fritar um ovo.

Como aplicar o pensamento computacional na escola


No âmbito escolar, ele pode ser usado na produção textual, no processo de abstração das informações condensadas em um mapa, no reconhecimento de padrões em uma reta numérica, na divisão de características dos ingredientes de dois alimentos para comparar qual é mais nutritivo e saudável, entre outros exemplos relacionados a todos os componentes curriculares.

Ou seja, o estudante pode usar a lógica computacional em Matemática, em Ciências, em História, em Língua Portuguesa, pois ele se constitui como uma forma de pensar, em que se isolam partes para construir relações e conceitos, trabalhando com essas pequenas partes, e não diretamente com um grande e complexo problema.

Para deixar mais claro, convido você a verificar a apresentação de exemplos nos quais a abordagem é aplicada à área de Matemática.

Pensamento computacional na Matemática – Anos Finais do Ensino Fundamental

A articulação do pensamento computacional com os componentes curriculares é uma exigência prevista pela Base Nacional Comum Curricular – BNCC (2018) para todos os anos do Ensino Fundamental até o Ensino Médio, e tem deixado muitas redes de ensino e professores preocupados sobre como trabalhar com o tema.

No caso da Matemática, a relação se torna ainda mais evidente, pois o pensamento computacional está ligado ao desenvolvimento do raciocínio lógico e se relaciona com diversas áreas que são apresentadas pelos Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN (1998), como símbolos e códigos, estabelecimento de relações e identificação de regularidades e modelos explicativos e representativos, por exemplo.

Além disso, o fato de vivermos em uma era tecnológica, mediada por diversas plataformas que usamos diariamente, baseadas em algoritmos, contribui para a conexão que estabelecemos entre a matemática e a computação.

Associado a isso, no Brasil, tanto os resultados de avaliações nacionais, como o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), quanto internacionais, como o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA), mostram que uma parcela significativa dos estudantes não apresenta o nível básico de proficiência em Matemática.

Essas avaliações focam em atividades que envolvem a resolução de problemas, exigindo que os estudantes mobilizem habilidades para interpretar as situações-problema e definir estratégias para sua resolução, a partir de conhecimentos matemáticos.

Os resultados dessas avaliações, portanto, reforça a importância de estimular o desenvolvimento do raciocínio lógico para aplicá-lo na resolução de problemas do mundo real, ao fornecer uma base para que os estudantes transformem o conhecimento matemático em algo capaz de ser compreendido e aplicado a situações do cotidiano. 

Atividades de pensamento computacional na Matemática – Anos Finais do Ensino Fundamental

Há diversas maneiras de estimular o desenvolvimento do pensamento computacional nas turmas de matemática do 6° ao 9° ano.

Há livros, por exemplo, disponíveis para a escolha no PNLD 2024, que contemplam e incentivam o desenvolvimento da abordagem por meio de suas atividades e propostas didáticas.

A coleção Teláris Essencial de Matemática, da editora Ática, escrita pelos professores Luis Roberto Dante e Fernando Viana, traz, ao longo dos seus volumes (6° ao 9°), uma série de atividades que estimulam o reconhecimento de padrões, abstrações, decomposições e do pensamento algorítmico (sequência de ações), voltadas para o estímulo ao raciocínio lógico e à resolução de problemas.

Adicionalmente, o manual do professor (formato em U) traz diretrizes conceituais sobre o tema e, também, propostas didáticas com contexto e permite a ampliação de atividades para estimular a capacidade de resolução de problemas dos estudantes, conforme podemos ver, nos exemplos a seguir: 

Outra coleção que se destaca pelo seu trabalho com o pensamento computacional é a obra da editora Saraiva, Matemática e Realidade, escrita pelos autores Gelson Iezzi, Osvaldo Dolce e Antonio Machado. Ela apresenta uma abordagem aplicada ao dia a dia, que articula os temas relevantes da atualidade com a Matemática.

O manual do professor, no formato em U, apresenta sua contextualização e conceitos importantes sobre o pensamento computacional e, também, propostas didáticas para estimular o seu desenvolvimento pelos estudantes, como observamos, nos exemplos a seguir: 

Recursos para facilitar o trabalho docente

Como você pode notar, há diversas maneiras de se trabalhar o raciocínio lógico voltado para a resolução de situações-problema.

As obras de matemática, Teláris Essencial do professor Dante, e Matemática e Realidade do professor Iezzi, apresentam uma gama de situações e atividades que contemplam essa abordagem através das quais esse viés pode se explorar.

Além disso, as obras também trazem diversos Objetos Educacionais Digitais (OED) que auxiliam na sua prática docente. São recursos como podcasts, infográficos, gifs animados, vídeo aulas, entre outros, que são ótimos insumos para trabalhar os conhecimentos matemáticos em sala de aula.

Agora que você já conhece o potencial do pensamento computacional para a adaptação da sala de aula, convidamos você a contribuir ainda mais para que os estudantes possam lidar mais satisfatoriamente com os problemas do dia a dia, usando ferramentas, linguagens e abordagens da cultura digital.

Gostou de saber como desenvolver articulação do pensamento computacional no Ensino Fundamental? Então, confira nosso conteúdo sobre o desenvolvimento da competência leitora no Ensino Fundamental!

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