Novembro Azul: o preconceito também pode matar
Se, para muitos, a própria menção à palavra “câncer” ainda vem cercada de receios, conforme mencionamos no texto sobre o Outubro Rosa, especialmente para o público masculino, há um tabu até maior sobre o qual se fala durante este Novembro Azul: a realização do exame do câncer de próstata.
Algo que, por mais que haja informações e campanhas a respeito, ainda traz como consequência o pior resultado para os portadores da doença: no Brasil, um homem morre a cada 38 minutos devido a ela, de acordo com os dados mais recentes do Instituto Nacional do Câncer (INCA).
É o mais comum tipo de câncer dentre o gênero, que figura como causa de morte de 28,6% desta população que desenvolve tumores malignos.
Por isso, há mais de 10 anos, a campanha destaca este período do ano como o mês mundial de combate ao câncer de próstata.
Quer saber mais sobre o Novembro Azul?
Então, confira nosso conteúdo que preparamos sobre o tema!
O que você precisa saber sobre a Campanha Novembro Azul?
O Novembro Azul teve início em 2011 quando o Instituto Lado a Lado pela Vida atentou para a importância de alertar a população masculina quanto ao diagnóstico precoce do câncer de próstata.
De acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), para cada ano do biênio 2018/2019, foram diagnosticados 68.220 novos casos de câncer de próstata e cerca de 15 mil mortes/ano em decorrência da doença no Brasil. Possui adesão do Ministério da Saúde e do Instituto Nacional de Câncer (INCA).
Atualmente, trata-se de um movimento que busca a conscientização dos homens em relação à necessidade da realização do exame, como medida preventiva, mas também o incentiva a cuidar da saúde de forma geral, visto que se trata de uma população que, tradicionalmente, procuram menos os serviços de saúde.
Segundo reportagem da Agência Brasil de 2021, 62% dos homens brasileiros vão ao médico apenas após sentirem sintomas considerados insuportáveis.
A campanha do Novembro Azul também atua no tocante à prática de exercícios e de sexo seguro, além da importância de alimentação saudável e dos malefícios do cigarro.
O que é a próstata?
Trata-se de uma glândula do sistema reprodutor masculino, com peso aproximado de 20 gramas. Em homens jovens, possui o tamanho de uma ameixa, mas esta dimensão aumenta com o avanço da idade.
Localiza-se em frente ao reto, abaixo da bexiga, envolvendo a parte superior da uretra (canal por onde passa a urina). Sua função é produzir um líquido que compõe parte do sêmen, nutrindo e protegendo os espermatozoides.
Sintomas
Diferentemente do câncer de mama, em que é possível fazer o autoexame de toque, a próstata só é acessada pelo médico especialista e apenas ele pode identificar alguma anormalidade ao tocá-la.
Por isso, sem a possibilidade e o conhecimento adequado para verificar algo irregular, é muito difícil detectar a doença inicialmente, sem o exame adequado.
Sintomas e sinais só costumam aparecer, em cerca de 95% dos tumores, quando estes já estão em fase avançada, o que dificulta a cura.
Nestes casos, é possível que o paciente sinta dores (óssea/ao urinar), vontade frequente de urinar, presença de sangue na urina e/ou no sêmen.
Ao perceber qualquer destes sintomas, entretanto, não é necessário entrar em pânico, embora seja imprescindível a procura pelo urologista.
Isso porque estas alterações também ocorrem nos casos de doenças benignas da próstata como Hiperplasia benigna (aumento benigno do órgão é comum entre homens com mais de 50 anos) e Prostatite (inflamação geralmente causada por bactérias).
Fatores de risco
Embora haja a imprevisibilidade inerente a qualquer tipo de câncer, alguns fatores podem ser considerados de risco.
Alguns deles (comuns também a outras manifestações da doença) são o histórico familiar: quem possui casos deste tipo de câncer em tios, pai ou irmãos apresenta mais possibilidade de desenvolvê-lo.
Homens negros também apresentam maior incidência. Outros fatores de risco são a faixa etária – a partir dos 45 ou 50 anos – e obesidade.
Alguns estudos, de acordo com reportagem publicada no site da American Cancer Society, em agosto de 2019, mostraram que obesos têm menor risco de contrair uma forma de crescimento mais lento da doença, mas maior de contrair uma de crescimento mais rápido.
1. Dieta, Tabagismo, doenças sexuais
As pesquisas demonstraram, ainda, que homens que ingerem maiores quantidades de carne vermelha ou laticínios ricos em gordura parecem ter uma chance ligeiramente maior de contrair a doença.
Apontam, ainda, que a ingestão de grandes quantidades de cálcio também pode influenciar, bem como o tabagismo, a exposição a produtos de combustão tóxica, doenças sexualmente transmissíveis e até a realização de vasectomia. Não há, entretanto, estudos conclusivos em consenso.
2. Alterações genéticas
Assim como acontece com o câncer de mama, mutações dos genes BRCA-1 ou BRCA-2 podem aumentar o risco de câncer de próstata em alguns homens (principalmente as mutações no BRCA2).
Portadores da Síndrome de Lynch – alteração genética que aumenta a predisposição de um indivíduo em apresentar câncer no intestino grosso (cólon e reto) – também estão mais propensos.
Prevenção do câncer de próstata e outras doenças
Aproximadamente 20% dos pacientes com câncer de próstata são diagnosticados a partir do exame retal. Além dele, o de PSA (sangue) mede a quantidade da proteína produzida pela próstata – Antígeno Prostático Específico (PSA).
Níveis altos da mesma podem significar câncer, mas também doenças benignas. Caso haja a suspeita, biópsias e ultrassom transretal confirmam o diagnóstico. O imprescindível é a prevenção e a ida regular ao urologista (ao menos uma vez ao ano).
A visita ao clínico para a realização de um check-up geral também evita que esta e outras doenças só sejam tratadas em estágios mais avançados.
Outras medidas preventivas, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), incluem dieta balanceada composta por frutas, verduras, legumes, grãos e cereais integrais. A alimentação deve consistir, ainda, de menos gordura (principalmente as de origem animal).
Hábitos mais saudáveis
Além do cuidado na ingestão dos alimentos, o INCA recomenda, ainda, a adoção de atividades físicas diárias de, ao menos, 30 minutos de duração.
São indicados, ainda, cuidados rotineiros e avaliação de doenças como hipertensão, diabetes e colesterol mais alto, além da redução do consumo de álcool e de cigarros.
Tratamento do câncer
O câncer de próstata pode ter tratamento. O sucesso do mesmo, entretanto, depende da precocidade do diagnóstico.
O tipo adotado pelos médicos varia de acordo com fatores como a idade e a saúde geral do paciente, estágio do tumor, tamanho da próstata ou mesmo desejo do paciente de ter filhos, no futuro. Podem ser os seguintes:
Observação vigilante
Para tumores menos agressivos. Consiste no acompanhamento rigoroso do avanço da doença por meio de consultas regulares ao médico. Nestes casos, o tratamento, em si, só tem início com o avanço da doença.
Cirurgia
Indicada para retirar tumores localizados dentro da glândula da próstata, oferecendo mais chances de cura.
Radioterapia
Utilização de radiação de alta energia (raios-X) para combater as células cancerígenas. Com equipamentos de alta precisão, é possível diminuir a quantidade necessária de sessões, evitando a exposição à radiação.
Terapia hormonal
Na impossibilidade de tratamentos mais agressivos ou em conjunto com algum outro. Aplicada com o objetivo de controlar o nível dos hormônios masculinos (testosterona) que estimulam o desenvolvimento do câncer.
Quimioterapia
Indicada para casos de metástase e para aqueles que não respondem a outros tratamentos. Consiste na combinação de medicamentos específicos que destroem as células cancerígenas.
Fontes : Ministério da Saúde e Pfizer
Gostou de saber mais sobre o Novembro Azul? Então, confira nosso conteúdo sobre a importância das emoções na consolidação das memórias!
Patrícia Monteiro de Santana é jornalista formada pela Universidade Federal de Pernambuco em 2000. Com atuações em veículos como TV Globo, Revista Veja e Diário de Pernambuco, além de atuante em assessoria de comunicação empresarial, cultural e política.