Março Azul Marinho: Consequências no Corpo
Você já ouviu falar sobre Março Azul Marinho?
“Será que tudo o que eu gosto é imoral, é ilegal ou engorda?”, questionava-se o cantor Roberto Carlos ao final da década de 1970.
Se a canção tivesse sido composta, entretanto, nesta terceira década do século XXI, provavelmente outro verso seria acrescentado ao refrão: “ou causa câncer”.
O câncer colorretal, por exemplo, terceiro tipo mais comum no Brasil – atrás apenas do de próstata e de pulmão – têm como fatores de risco hábitos típicos de residentes das cidades mais cosmopolitas:
- sedentarismo,
- sobrepeso,
- alimentação pobre em fibras e rica em carnes processadas e vermelhas,
- além da exposição à radiação, ao tabagismo e ao alcoolismo, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca).
Pela sua alta incidência, a doença ganhou também uma campanha: Março Azul Marinho, para conscientização quanto ao seu combate e prevenção.
Quer saber mais sobre a importância do Março Azul Marinho?
Então, confira o conteúdo sobre o tema!
A importância do Março Azul Marinho
O Instituto Nacional do Câncer (INCA) prevê, geralmente, o surgimento de 41 mil novos casos por ano do câncer colorretal no Brasil.
Em nosso país, a estimativa (para cada ano do triênio de 2020-2022) era de 20.520 casos de câncer de cólon e reto em homens e 20.470 em mulheres. Valores que correspondem a um risco estimado de 19,63 casos novos a cada 100 mil homens e 19,03 para cada 100 mil mulheres.
Regionalização
Sem considerar os tumores de pele não melanoma, o câncer colorretal é, em homens, o segundo mais incidente nas regiões Sudeste (28,62/100 mil) e Centro-Oeste (15,40/100 mil). Na região Sul (25,11/100 mil), é o terceiro tumor mais frequente. Nas regiões Nordeste (8,91/100 mil) e Norte (5,27/100 mil), ocupa a quarta posição.
Para as mulheres, é o segundo mais frequente no Sudeste (26,18/100 mil) e Sul (23,65/100 mil). Já no Centro-Oeste (15,24/100 mil), Nordeste (10,79/100 mil) e Norte (6,48/100 mil) é o terceiro mais incidente.
O que é e como surge
O câncer colorretal é caracterizado por tumores que se desenvolvem no intestino grosso (cólon), região final do trato digestivo e anterior ao ânus.
Uma grande parte destes tumores tem início a partir do surgimento de pólipos benignos, lesões pré-cancerígenas que podem aparecer na parede interna do intestino grosso.
Adenocarcinoma é o nome do principal tipo de tumor colorretal que, em 90% dos casos, origina-se a partir de um pólipo adenomatoso transformado por alterações progressivas em suas células ao longo dos anos.
Sintomas
Geralmente, trata-se de uma doença silenciosa, o que não significa, necessariamente, a inexistência de sinais de alerta. Estando atento ao próprio corpo, o indivíduo pode perceber alguns indicativos de que há algo errado, necessitando de atenção.
Muitos desses alertas, inclusive, estão presentes nas fezes. É importante observá-las, sempre, e procurar auxílio médico, caso tenha alteração na forma/coloração ou presença de sangue.
Nesses casos, possíveis modificações no hábito intestinal também devem ser analisadas. Outros sinais incluem:
- diarreia;
- prisão de ventre;
- desconforto abdominal com gases ou cólicas;
- sensação de intestino cheio após a evacuação;
- vômitos e náuseas;
- dores na região anal, com esforço ineficaz para evacuar;
- fraqueza e anemia;
- perda de peso sem causa aparente;
- massa abdominal incomum.
Diagnóstico
O profissional adequado para avaliação correta de cada caso é o coloproctologista.
Afinal, muitos dos sintomas citados acima são também de outras doenças do intestino e do reto.
Uma investigação preliminar e preventiva pode ser sugerida por meio da análise de sangue oculto nas fezes.
Caso realmente haja, o exame mais específico é a colonoscopia, que permite avaliar toda a extensão do intestino grosso em busca de lesões que serão analisadas em biópsia, caso sejam detectadas.
Outro exame destinado à percepção de alterações na parte final do intestino é a retossigmoidoscopia. Após estas etapas, o médico especialista determinará os passos para os procedimentos a serem adotados.
Prevenção
De acordo com os especialistas, o câncer colorretal costuma ter altas chances de cura, notadamente se identificado no estágio inicial.
Por este motivo, o exame padrão, a colonoscopia, é indicado para todos os homens e mulheres, mesmo sem sintomas, a partir dos 45 a 50 anos de idade.
Além de permitir o diagnóstico mais exato, ele evita a progressão para malignidade com a retirada dos pólipos. Caso haja histórico de hereditariedade, o rastreio pode e deve começar antes que o indivíduo atinja esta faixa etária.
Tratamento
No caso da detecção do tumor, a cirurgia é o principal caminho para a sua retirada, embora também haja a possibilidade da realização de tratamentos como radioterapia e quimioterapia, além da terapia biológica e auxílio de medicamentos.
Opções que variam de acordo com a localização da lesão e do estágio da doença.
Fatores de Risco
Da forma como exposto na introdução deste assunto, alguns hábitos típicos da sociedade contemporânea, principalmente a mais urbana, são considerados fatores de risco para o desenvolvimento do câncer colorretal.
Sedentarismo, obesidade, alimentação pobre em fibras e rica em carnes processadas e vermelhas, alimentos embutidos e industrializados entram na lista.
Destaque, ainda, para exposição à radiação, ao tabagismo e para a ingestão exacerbada de bebida alcoólica.
De acordo com o Departamento de Saúde do Reino Unido, por exemplo, pessoas que ingerem mais de 90 g de carne vermelha ou embutidos por dia apresentam risco aumentado de desenvolver este tipo de câncer.
A instituição sugere, então, redução deste consumo para menos de 70g por dia.
Fica, então, a sugestão da adoção de uma dieta mais rica de vegetais e laticínios e pobre em gordura, principalmente a saturada. Some-se a isso a necessidade da prática regular de atividades físicas.
O avanço da idade também aumenta a probabilidade do aparecimento de tumores nessa região, sendo mais comum em pessoas com mais de 50 anos.
Há casos, ainda, associados à existência de histórico familiar e patologias hereditárias como polipose adenomatosa familiar (FAP) e câncer colorretal hereditário sem polipose (HNPCC), além de doenças inflamatórias do intestino.
Abordagem na Escola
Assim como o câncer colorretal, outras doenças e enfermidades também podem ter o estilo de vida como propulsor de surgimento e/ou aceleração, a exemplo da diabetes e de manifestações de alterações cardiovasculares.
Incutir nos estudantes e professores, portanto, noções sobre no que consiste uma alimentação balanceada e uma rotina permeada pela prática de exercícios físicos é (ou deveria ser) missão de toda instituição de ensino. E para todas as faixas etárias.
Funções que podem ser exercidas não só pelo professor de educação física ou por docentes de áreas relacionadas a Ciências, por exemplo, mas por todo o corpo docente, por meio de eventos, palestras, exposições, panfletos, manuais ou o que a criatividade sugerir.
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Patrícia Monteiro de Santana é jornalista formada pela Universidade Federal de Pernambuco em 2000. Com atuações em veículos como TV Globo, Revista Veja e Diário de Pernambuco, além de atuante em assessoria de comunicação empresarial, cultural e política.