Educação Física: o que é, exatamente, e qual sua importância na vida escolar
“Mens sana in Corpore sano”. Embora dotada de todo o seu completo significado em apenas algumas palavras, a famosa frase é um trecho da resposta do poeta romano Juvenal quando questionado a respeito do que as pessoas deveriam desejar na vida.
Uma citação latina que significa mente saudável em corpo são e que se transformou, ao longo dos anos, em uma verdadeira máxima quando se aborda a questão do bem-estar holístico, de uma vida saudável e plena.
E quando se fala na fórmula para se atingir plenitude e vida saudável, as palavras precocidade e tempo entram de forma inequívoca e vigorosa na equação. Por isso, o conceito de corpo e mente saudáveis precisam ser trabalhados desde a infância.
Na escola, os primeiros contatos das crianças com os exercícios físicos que influenciam, também, na saúde mental costumam acontecer por meio da disciplina de Educação Física.
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O que é Educação Física?
Para muitos estudantes, um momento de leveza, descontração e respiro na grade curricular escolar. O que muitos deles não sabem, além das outras muitas complexidades e benefícios envolvidos nesta prática, é que as principais contribuições que se lançam como bases filosóficas para a elaboração do conceito moderno da Educação Física surgiram entre os séculos XVII e XIV na Europa, mais precisamente na obra do filósofo John Locke, Alguns Pensamentos Sobre a Educação, de 1693 (LOCKE, 2019).
Preceitos que enfatizavam os cuidados com o corpo e a adoção de exercícios físicos para o processo formativo dos indivíduos e que embasariam a construção e consolidação desse conceito ao longo do tempo.
Alguns muitos anos depois, no século XX, mais precisamente por volta dos anos 1990, Valter Bracht (licenciado em educação física pela Universidade Federal do Paraná UFPR e Doutor pela Universidade Olderburg -Alemanha) contribuiu para o processo de delimitação da função e dos saberes referentes à Educação Física.
A partir de então, passaram a ser identificados três entendimentos próprios dos saberes, de acordo com o e-book intitulado “O Ensino de Educação Física na Escolarização Básica: a poesia, o olhar, o corpo e a performance” (que pode ser baixado, juntamente com outros, clicando aqui.)
Educação Física na Educação Básica de acordo com a BNCC
Segundo a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), a área macro de Linguagens é composta pelos seguintes componentes curriculares: Língua Portuguesa, Língua Inglesa, Arte e Educação Física. A identificação das três primeiras como tal costuma ser mais óbvia.
Quanto à Educação Física, entretanto, para alguns não familiarizados ou não tão bem informados a respeito do assunto, pode parecer até um equívoco.
A Base Nacional Comum Curricular (2017, p.213), entretanto, esclarece que se trata de:
“uma forma de gerar um tipo de conhecimento muito particular e insubstituível. Para que ela seja significativa, é preciso problematizar, desnaturalizar e evidenciar a multiplicidade de sentidos e significados que os grupos sociais conferem às diferentes manifestações da cultura corporal de movimento”
Importância da Educação Física
Como bem preconiza a BNCC, além do seu papel primordial quando ao desenvolvimento de conhecimento e consciência corporal/preservação da saúde, a Educação Física é essencial também em relação a outras competências e habilidades humanas, tais como experiências estéticas, emocionais e lúdicas.
Ferramentas que podem auxiliar os estudantes quanto ao autoconhecimento e, consequentemente, ao longo do tempo e da prática constante, à conquista da própria autonomia, do cuidado consigo mesmo e com os outros. Por isso, nas aulas, as diversas práticas corporais precisam ser compreendidas para além de si mesmas e vistas, sim, como fenômenos culturais.
A disciplina na prática
A Educação Física, quando bem trabalhada em ambiente escolar, ultrapassa o entendimento mais raso que possa existir sobre esta prática. Pedagogicamente, ela tem o potencial de ampliar conhecimentos históricos e culturais de forma crítica, individual e coletiva. Contempla, para isso, atividades diversas como várias devem ser as formas de expressão, tais como jogos, esporte, ginástica, danças e várias outras.
Flexibilização e assertividade
Diferentemente da maioria dos componentes curriculares da escolarização básica, os objetos de conhecimento da Educação Física não estão vinculados a uma aprovação no vestibular para o ensino superior.
Um privilégio, portanto. Afirmação contraditória? Não… basta pensar que devido a esta característica, ela dispõe de um leque ainda mais amplo e heterogêneo de possibilidades e maior liberdade quanto à escolha, ao planejamento e à elaboração de ações pedagógicas para o trabalho com os objetos de conhecimento desse componente.
Para que a escolha seja assertiva, contudo, é fundamental que os docentes compreendam a sua abrangência não só pela dimensão física do corpo e do bem-estar físico, mas que reconheçam sua influência sobre a saúde mental e processos de aprendizagem não apenas do movimento como de outras áreas do saber.
Para além da vida escolar
A prática da Educação Física pode contribuir para o estudante em um âmbito muito mais amplo do que a fase escolar. Quando estimulada, segue para a vida adulta de forma que ele vivencie, na prática, as preconizações da Organização Mundial de Saúde (OMS) que evitam inatividade e sedentarismo, raízes de males que causam efeitos devastadores e, muitas vezes, fatais.
Individualmente e nas variadas formas de organização social. Obesidade e suas consequências, bem como problemas cardiovasculares e até mentais, bem como o saturamento dos sistemas públicos de saúde podem ser evitados/minimizados caso a prática de atividades físicas seja uma rotina.
Na pandemia da Covid-19 e para além dela
A pandemia da Covid-19 foi, realmente, uma espécie de “antes e depois” para a análise da vida do sujeito em sua particularidade, dentro da sociedade e dos vários fatores que a compõem. Dentre essas mudanças comportamentais que ela trouxe, duas estão diretamente relacionadas ao curso de Educação Física: inatividade física e sedentarismo.
A redução da movimentação corporal diante da necessidade do isolamento social atingiu não apenas os adultos que tiveram que trabalhar em home office, mas também as crianças em idade escolar. A adesão das escolas às aulas remotas teve relação direta com um maior tempo em frente às telas, aos aplicativos ou serviços de streaming. Mais tempo de sedentarismo, portanto.
Atenta a esse quadro em função da pandemia de COVID-19, a Organização Mundial de Saúde (OMS) reforçou a importância da atividade física na promoção da saúde, pois: