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Educação Ambiental e Educação para o Consumo: Pilares da Sustentabilidade nas Escolas Públicas

21 de novembro de 2023
E-docente

A inserção de Temas Contemporâneos Transversais, como a Educação Ambiental e a Educação para o Consumo, no âmbito das escolas públicas, é um imperativo à luz dos desafios globais que enfrentamos.

Esse movimento pedagógico se alinha de forma intrínseca aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) estabelecidos pela ONU, sobretudo aos ODS 4 (Educação de Qualidade) e 12 (Consumo e Produção Sustentáveis), e desempenha um papel central no preparo das futuras gerações para um mundo complexo e interdependente.

Esse tema, no contexto das escolas públicas, representa um compromisso incontornável diante dos desafios globais que nossa sociedade enfrenta. A abordagem dessas temáticas na educação não é mais uma escolha, mas sim uma necessidade iminente.

Vivemos em um mundo cada vez mais interligado, onde as ações em um canto do planeta têm repercussões globais, seja no que diz respeito às mudanças climáticas, à perda de biodiversidade, à degradação ambiental ou ao consumismo desenfreado.

Educação Ambiental: os ODS

Essa abordagem pedagógica se tornou uma responsabilidade ética e moral das instituições educacionais. Os ODS da ONU nos servirão como um guia claro para a construção de um mundo mais equitativo e equilibrado, e a Educação Ambiental e a Educação para o Consumo estão no foco desses Objetivos.

O ODS 4, que visa à “Educação de Qualidade”, impulsiona a necessidade de uma educação que vá além da transmissão de conhecimentos acadêmicos, preparando os estudantes para enfrentar desafios complexos e multifacetados.

Ao mesmo tempo, o ODS 12, que busca “Consumo e Produção Sustentáveis”, ressalta a importância de adotar padrões de consumo responsáveis e de repensar nossos hábitos de produção e consumo.

Educação Ambiental e para o Consumo no centro das ações

O papel central da Educação Ambiental e da Educação para o Consumo reside na capacidade de preparar as futuras gerações para compreender e lidar com a complexidade dos problemas que surgem a partir da relação vigente de consumo.

Essas abordagens não se limitam a informar os alunos sobre questões ambientais e de consumo; elas os capacitam a questionar, analisar e desenvolver soluções sustentáveis, compreendendo como suas ações e omissões alteram a realidade.

Além disso, a ênfase na educação prática e na tomada de decisões informadas fornece às gerações emergentes as ferramentas necessárias para desempenharem um papel ativo na construção de um mundo melhor.

O ambiente escolar é o local onde esses conceitos podem ganhar vida, pois oferece oportunidades práticas de implementação, modelando comportamentos e atitudes sustentáveis.

Ao adotar práticas de gestão escolar ecoeficiente, ao promover a reciclagem, ao enfatizar a eficiência energética e ao oferecer uma alimentação escolar saudável e sustentável, a escola pública se torna um microcosmo de um mundo mais resiliente, onde os alunos podem ver na prática o que estão aprendendo na teoria.

Em suma, a inserção da Educação Ambiental e da Educação para o Consumo nas escolas públicas é um passo crucial para preparar as futuras gerações para enfrentar os desafios de um mundo interdependente e em rápida transformação.

É uma resposta ao chamado da comunidade global para uma educação de qualidade e para um consumo e produção mais sustentáveis.

Mais do que isso, é uma afirmação de nosso compromisso com a construção de um futuro em que a consciência ambiental e o consumo responsável sejam a base de uma sociedade mais justa e equitativa.

O Professor como Agente de Transformação

O professor ocupa uma posição de destaque nesse processo de conscientização e mudança. Além do desafio de mediar a construção de conhecimentos, ele é um incentivador do pensamento crítico, um guia que estimula a reflexão sobre os desafios ambientais e de consumo. Através de abordagens interdisciplinares e da integração desses temas ao currículo, o educador tem o poder de conectar o aprendizado à vida cotidiana dos alunos.

Essa conexão é essencial, pois, ao compreenderem como questões ambientais e de consumo afetam suas vidas, os alunos se tornam motivados a agir.

O professor deve estimular o pensamento “fora da caixinha” do aluno, tentando usar exemplos práticos em sala de aula, forçando-o a pensar a origem dos itens de consumo que estão presentes:

  • qual o caminho para que haja energia elétrica na sala?
  • Quais são as etapas necessárias para um celular virar um celular?
  • A roupa que eu visto envolve trabalho digno e bem remunerado?
  • Qual meio de transporte foi utilizado para chegar até a escola e quais são de poluentes emitidos?
  • A água presente nas torneiras veio de muito longe, precisou de algum tratamento e é plenamente potável?

A partir de perguntas simples e de reflexões sobre o ciclo de vida dos itens de consumo, podemos gerar uma rica e curiosa análise da realidade de cada aluno e aluna.

O objetivo aqui é criar uma disruptura com o conceito de direito adquirido presente, promovendo a reflexão que somos uma sociedade completamente dependente de tecnologias que não compreendemos e não somos capazes de replicar, mesmo se nossa vida dependesse disso.

O Espaço Escolar como Modelo

Tendo como base as reflexões do último tópico, seria interessante que o professor utilizasse o ambiente escolar como exemplo de mudança.

Uma possibilidade seria mapear os consumos de água, energia, insumos, geração de resíduos e demais recursos naturais para o funcionamento da escola, criando, a partir disso, indicadores ambientais a serem compartilhados com os alunos e alunas, envolvendo suas participações diretas e indiretas nesses consumos.

As práticas de gestão de resíduos, eficiência energética e alimentação escolar sustentável não apenas reduzem o impacto ambiental da escola, mas também educam os alunos através do exemplo. A escola é um laboratório para os alunos, onde eles podem ver os princípios da Educação Ambiental e da Educação para o Consumo em ação.

A Formação de Cidadãos Sustentáveis

A inclusão da Educação Ambiental e da Educação para o Consumo nas escolas públicas não apenas atende aos ODS da ONU, mas também prepara os alunos para um futuro incerto e desafiador.

Essa educação não se limita a transmitir informações; ela desenvolve habilidades para a vida, como a capacidade de tomar decisões informadas, resolver problemas complexos e trabalhar em equipe.

A escola pública, ao adotar uma abordagem holística e integrada desses temas, além de contribuir para a construção de uma sociedade mais consciente e responsável, também capacita os cidadãos do futuro a lidarem com questões globais prementes, como as mudanças climáticas e o consumo desenfreado.

É, portanto, um investimento no bem-estar do planeta e na formação de cidadãos que serão protagonistas na busca por um mundo mais sustentável e integrado.

Aplicação em Sala de Aula

Para conclusão, trago aqui algumas oportunidades para aplicação dos conceitos e ideias trazidas até então:

Feira de Trocas: organizar eventos em que os alunos possam trocar roupas, livros ou brinquedos usados, promovendo a reutilização e a redução do desperdício. Promova o conceito do desapego! 

Avaliação de Pegada Ecológica: instruir os alunos a calcular sua pegada ecológica pessoal e discutir maneiras de reduzi-la, como adotar uma dieta mais sustentável ou usar meios de transporte alternativos. É possível encontrar diversas calculadoras sobre Pegada Ecológica na internet, inclusive a disponibilizada pelo WWF (World Wildlife Fund) no site: https://www.footprintcalculator.org/sponsor/wb/wb_pt/quiz/0/food/category

Projetos Interdisciplinares: Incentivar os alunos a desenvolverem projetos para análise de ciclo de vida de algum produto escolhido para que eles abordem questões ambientais e de consumo, promovendo a pesquisa, o debate e a resolução de problemas, envolvendo aspectos geográficos, históricos, sociais, econômicos, biológicos etc. que forem pertinentes. 

Aprendizado Experiencial: Organizar visitas a locais relevantes, como centros de reciclagem, reservas naturais ou empresas sustentáveis, para proporcionar experiências práticas. Veja quais organizações, empresas, órgãos públicos  

Redução de Resíduos: Estabelecer programas de reciclagem, compostagem e redução de desperdício nas instalações escolares. Poderia ser estudada a possibilidade de parcerias com cooperativas de reciclagem ou catadores da região, para que haja a segregação e a destinação correta dos resíduos gerados pela escola. 

Eficiência Energética: Adotar medidas e metas para economizar energia e água, conscientizando os alunos sobre a importância dessas ações. Como citado anteriormente, a criação de indicadores ambientais de consumo são ferramentas poderosas de engajamento e senso de pertencimento ao ambiente escolar por parte dos alunos e alunas. 

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