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Dia do Bibliotecário: viva o 12 de março!

15 de março de 2023
E-docente

12 de março: Dia do Bibliotecário. Em todo o território nacional, esta data comemorativa foi instituída pelo Decreto nº 84.631, de 9 de abril de 1980, em alusão ao dia do nascimento do escritor e poeta, Manuel Bastos Tigre (1882). 

Um engenheiro e bibliotecário que trouxe grande contribuição social e cultural para o Brasil e que, por isso, tem a data em que nasceu como marco de celebração a todos que comungam o mesmo objetivo de disseminar informação e conhecimento.

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A importância do Dia do Bibliotecário

A importância do Dia do Bibliotecário

Você sabe quem foi Manuel Bastos Tigre? Formado em engenharia, em 1906, Manuel resolveu fazer um aperfeiçoamento em eletricidade nos Estados Unidos, onde conheceu o bibliotecário Melvil Dewey, que instituiu o Sistema de Classificação Decimal. 

Ao longo do tempo, o encontro mostrou-se decisivo já que, em 1915, aos 33 anos de idade, Manuel abandonou sua profissão de formação para trabalhar, exclusivamente, com biblioteconomia. 

Considerado o primeiro bibliotecário concursado do Brasil, prestou concurso para ingressar no Museu Nacional do Rio de Janeiro, classificando-se em primeiro lugar com o estudo sobre a Classificação Decimal. 

Trabalhou até 1947 na Biblioteca Nacional, assumindo depois a direção da Biblioteca Central da Universidade do Brasil, na qual trabalhou, mesmo depois de aposentado, junto ao reitor da instituição.

Bibliotecário ou guardião?

O nome da profissão é “bibliotecário(a)”, mas bem que poderia ser “guardião(ã)”. Ou qualquer outra alcunha pela qual se possa denominar alguém responsável pela tutela dos tesouros mais preciosos. 

Afinal, mesmo aqueles que não encontram na leitura um motivo de deleite, prazer ou conhecimento, percebem a importância dos livros na vida de uma pessoa e até mesmo na estruturação educacional e cultural das sociedades. 

Mesmo com o todo o arcabouço tecnológico que permeia, atualmente, os processos de ensino e aprendizagem, ainda são os livros as ferramentas de ingresso ao conhecimento e ao universo imaginário desde a primeira infância.

Dos livrinhos feitos de material impermeável para serem “lidos” na banheira às primeiras coleções de historinhas, é neles que as crianças encontram propulsores para a criatividade, a poesia, a imaginação e o saber.

Cenário das Bibliotecas nas escolas públicas

Se, ainda em casa, eles já podem ser companheiros das pequenas e pequenos, o que dizer do seu papel (literal e figurativamente) nos primeiros anos do ensino escolar?

Além de contribuir, de forma didática, para o aprendizado nestes e ao longo dos demais anos estudantis, também podem ganhar novas proporções e papéis em suas vidas. 

Para os que possuem melhores condições financeiras, o acesso aos livros durante a idade escolar será mais fácil, já que são produtos que ainda possuem um valor de mercado nem sempre acessível a todos.

Para os de menor poder aquisitivo, a escola ainda é o melhor (se não, o único) acesso a eles. Por isso, a biblioteca nas escolas públicas é algo além do básico: é indispensável.

Apesar disso, até o ano de 2019, apenas em torno de 40% destas instituições brasileiras possuía uma biblioteca, a despeito da Lei Castilho (Lei 12244/10), que tornou obrigatória a presença de uma biblioteca pública, bem como de um bibliotecário, em cada uma das instituições de ensino. 

A informação é do professor, bacharel e doutor em Filosofia pela USP, José Castilho Neto, que dá nome à lei citada, em entrevista concedida a mim e publicada no jornal “Diario de Pernambuco”,  (em novembro de 2019; para lê-la na íntegra, clique aqui).

E atualmente? 

Infelizmente, desde então, não houve muitos avanços neste campo. Um dos estudos mais recentes a respeito do tema é o Anuário Brasileiro de Educação Básica de 2021, com trechos publicados na reportagem “Desmonte das bibliotecas públicas evidencia o desinvestimento cultural e educacional no Brasil”, do Jornal da Universidade de São Paulo (USP), em setembro de 2022. 

De acordo com essa pesquisa, as bibliotecas continuam não estando presentes na maioria das escolas brasileiras.

Apesar do decreto da Lei Castilho, há demora na sua efetivação, conforme se pode apreender do seguinte trecho:  

Decreto Lei Castilho

O que é, então, uma biblioteca eficiente?

Para responder a esta pergunta, nada melhor do que alguém que vivencia a realidade dentro de um destes locais, diariamente. Flávia Menezes, coordenadora da biblioteca de uma escola pública de referência de Recife, define a biblioteca escolar como um espaço de construção de saberes para toda a comunidade. 

Acredita, portanto, que para cumprir este objetivo é importante que seja um ambiente acolhedor, acessível a todos e todas. 

“Além disso, as obras literárias disponíveis devem estar identificadas de uma forma simples para que os frequentadores possam ter autonomia de escolha. Além deste acervo organizado e diversificado, deve ser um ambiente limpo, climatizado, iluminado, de preferência espaçoso entre as mesas, a fim de que possa suportar uma conversa entre as pessoas, sem prejuízo para quem estiver lendo sozinho e silenciosamente”, sugere.

O que pode e deve fazer um bibliotecário?

O professor e filósofo José Castilho afirma que tanto no nosso país quanto na América Latina, os responsáveis pelas bibliotecas não costumam ser pessoas formadas para tal, mas professores ou funcionários que enfrentam estresses em sala de aula ou problemas de ordem física que acabam deslocados para estes locais. 

Não basta, entretanto, ter uma biblioteca mínima que possa atender determinada comunidade de alunos, professores, e que desenvolva atividades.

De que adianta ter porta aberta, bom atendimento e títulos na prateleira se não tem ninguém que faça essa mediação entre o não-leitor e o livro? É preciso ter alguém que a incentive. Por isso, precisamos ter cada vez mais bibliotecários, agentes culturais, mediadores”, afirma.

Palavras que encontram ecos na experiência de Flávia: “ao mediar projetos pedagógicos, o bibliotecário pode também promover possibilidades aos estudantes de atuarem de uma forma mais consciente na sociedade, podendo transformá-la para que seja um mundo melhor e mais justo”, revela. 

Ainda segundo Flávia, há algumas outras características que definem um bom bibliotecário. “Ser um leitor constante, capaz de indicar as diversas obras literárias para cada grupo que seja frequentador da biblioteca e ser proativo no sentido de estimular os projetos pedagógicos que desenvolvam a visão crítica de mundo dos estudantes. Assim, eles também podem construir várias formas de atuar de uma forma mais positiva na sociedade em que vivem com o objetivo de transformar suas realidades”, opina.

Bibliotecas públicas podem minimizar o problema da evasão escolar?

De acordo com José Castilho, sim. “Há bibliotecas em quase toda cidade deste país. Se reavivá-las com atividades culturais é uma maneira não apenas de minimizar a falta da escola, mas de dar chances deste cidadão voltar à escola na educação formal, seja Educação à Distância ou alguma atividade profissionalizante”, acredita.

Flávia Menezes endossa a opinião do professor e filósofo ao afirmar que “uma biblioteca atrativa contribui para a redução da evasão na medida em que se estimula o prazer por meio do imaginário que uma leitura pode proporcionar a quem lê, especialmente aos jovens que podem ter experiências de viajar por vários universos contidos nas mais diversas obras. Além disso, ao desenvolver a competência leitora, o jovem amplia suas possibilidades de ver, interpretar e compreender o mundo em que vive”, finaliza.

Gostou de saber mais sobre a importância do Dia do Bibliotecário? Então, confira nosso conteúdo sobre o Dia da Mulher!

Patrícia Monteiro de Santana é jornalista formada pela Universidade Federal de Pernambuco em 2000. Com atuações em veículos como TV Globo, Revista Veja e Diário de Pernambuco, além de atuante em assessoria de comunicação empresarial, cultural e política.

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