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A importância da afetividade em sala de aula

23 de janeiro de 2024
E-docente

Ownnnn. Que legal você estar aqui conosco, lendo este texto! Que coisa mais fofa! Gostaria de começar este texto perguntando sobre o que você considera afeto. Seria como nessa frase que acabamos de ler no primeiro parágrafo?

Ou é algo muito maior, para além de mensagens “bonitinhas”? Você considera o afeto, ou afetividade, importante em qualquer relação professor-aluno?

“Afeto” aqui, no contexto da educação, não diz respeito a feedbacks “fofos” ou com utilização de emojis, mas à sensação de segurança e respeito na relação entre equipe docente e alunos. Muitos de nós temos vivenciado relações, principalmente virtuais, de muita agressividade na linguagem.

É só vermos as discussões políticas pelas quais passamos ultimamente… Por isso, é necessário cuidar tanto da forma quanto do conteúdo das mensagens que enviamos a nossos alunos, sejam escritas ou faladas.

A afetividade está presente nos processos de ensino e de aprendizagem, seja na relação que se estabelece entre o aluno e seus pares, ou na relação professor-alunos e pode ser considerada como uma estratégia de motivação, visto que só é possível o aluno se sentir motivado pelo mediador se existir uma relação afetiva entre eles.

(CASTRO; MELO; CAMPOS, 2018, p. 291)

As autoras citadas trazem, em seu artigo sobre a afetividade e a motivação na docência on-line, estudos sobre a importância de se ter uma relação de confiança com os alunos.

Apesar de o texto tratar de mediações em cursos on-line, os pontos destacados se aplicam diretamente a qualquer relação de ensino-aprendizagem, ainda mais no momento atual, em que é cada vez mais comum que as aulas se expandam para ambientes virtuais, mesmo em cursos presenciais.

Vejamos, então, a seguir, algumas questões sobre afetividade para considerarmos a esse respeito:

questões sobre afetividade para tratar em sala de aula

Analisando item por item sobre afetividade

Item 1

Vejamos o primeiro item. Quantos de nós nos sentimos motivados a aprender algo que não nos interessa em nada? É muito difícil. É papel, então, de toda a escola, despertar no aluno uma sensação de pertencimento àquele contexto, buscando que ele, emocionalmente, perceba que é contemplado, que o conteúdo discutido não é algo distante, geral, mas específico. Emoções são ativadas.

Item 2

O segundo item nos alerta sobre a necessidade de valorizar a participação do aluno, seja em um fórum on-line, seja numa discussão presencial. Olhar nos olhos dele e trazer sua experiência para o contexto de discussão é elemento importantíssimo para trazê-lo para a aula.

Palavras que validem pontos positivos de sua participação, uma postura de reconhecer as dificuldades que ele possa estar passando são essenciais na criação desse vínculo de confiança entre as partes. Podemos prever possíveis dúvidas e tentar resolvê-las de modo que estimulemos também o aluno a desenvolver uma tarefa de forma independente.

Além disso, nosso apoio, por meio de uma linguagem amistosa, mostrará que, caso não consiga tal independência, o aluno terá esse suporte, despertando, assim, o afeto e a confiança na relação.

Mostrar flexibilidade na condução do processo de aprendizagem é um outro item importantíssimo trazido pelas autoras, já que, por meio de negociações, também mostraremos que estamos dispostos a auxiliá-los.

Tal flexibilidade não significa falta de rigor, mas o entendimento sobre dificuldades que possam surgir num processo de ensino-aprendizagem, principalmente quando lidamos com alunos que têm necessidades mais específicas.

Quando estendemos um prazo para a realização de uma atividade ou mudamos a proposta inicialmente planejada, por exemplo, demonstramos uma preocupação com o desenvolvimento do aluno, o que, certamente, o afetará positivamente.

Item 4

O quarto item trata também do respeito que precisamos ter com os alunos. Apesar de sabermos que não é nada fácil manter um bom humor em sala de aula, já que passamos por dificuldades imensas em nossas atuações profissionais e na vida pessoal, é importante levar um clima ameno e de leveza para o trabalho.

Segurança, respeito, proximidade, bom humor humanizam a relação professor-aluno, mostrando que, mais que um número, estão ali indivíduos com anseios e necessidades diversas.

Mostrar segurança não quer dizer esconder fraquezas ou desconhecimento de algum conteúdo, mas humildade e disposição para buscar o aprendizado, o que também motivará o aluno.

Item 5

No quinto item, apesar de as autoras falarem explicitamente do problema da evasão no ensino a distância, temos um ponto que também diz respeito às outras modalidades de ensino, já que, quanto mais cativamos nossos alunos, mais tornamos o ambiente um local saudável, menor a chance de ele evadir.

Podemos falar tanto da evasão oficial, em que o aluno passa a não frequentar mais a sala de aula, quanto daquela em que, mesmo estando presente fisicamente, dizemos que sua alma ainda “não fez o download para o corpo”.

Mais do que apreensão de conhecimentos técnicos, a sala de aula precisa ser interessante num dia que, muitas vezes, pode ter sido cansativo devido a fatores pessoais na vida dos alunos.

Item 6

No sexto item, as autoras falam da questão tecnológica. Precisamos, então, utilizar ferramentas que potencializem e facilitem discussões acerca de conteúdos programáticos, em vez de os problematizarem ainda mais.

O aluno também precisa se sentir à vontade com a mídia para que o vínculo com o curso se estreite. Então, em cursos presenciais, precisamos analisar o contexto e proporcionar chances de participação de todos por meio desses recursos, sempre adaptando as atividades às possibilidades disponíveis na escola.

Item 7

Por último, quanto ao sétimo item, uma questão sempre sensível em qualquer curso, seja ele presencial ou a distância: a avaliação. Por trabalharmos com vidas tão diversas, de origens tão distintas em nosso dia a dia, de gerações diferentes, precisamos ter ainda mais cuidado com a forma como nos expressamos.

Uma mensagem muito rígida, que aponte apenas defeitos, problemas, pode destruir toda uma relação de confiança antes construída, afetando negativamente o aluno.

Quantos de nós temos em nossa memória afetiva momentos que nos marcaram tanto positiva quanto negativamente em nossa vida escolar?

É essencial destacar pontos positivos da participação do aluno, ativando sua emoção, e solicitar um maior desenvolvimento daquilo que é coerente com os objetivos do curso, apontando sempre com respeito os equívocos cometidos.

Expor o aluno o menos possível, por meio de feedbacks particulares, em vez de públicos, é também uma forma de conquistar a sua confiança. 

Conclusão

Bom, acho que agora está mais clara qual a proposta quando trazemos a questão da importância da afetividade nas relações pedagógicas.

Vale ressaltar, ainda, que não basta o professor ter essa preocupação. Desde que entra na escola, o aluno precisa se sentir acolhido e respeitado por toda a equipe, não apenas depois que entra em sala.

Ou seja, é um trabalho que necessita de toda uma organização que passará sempre por políticas públicas em educação que garantam melhores condições de atuação para todos os atores do processo pedagógico, seja em um curso presencial seja em um curso a distância.

Ownnnn, já terminou o texto? Sim… Esse é o único “problema” de quando somos afetados positivamente por algo, o momento de nos despedirmos. Até a próxima!

Referências

CASTRO, Eunice; MELO, Keite Silva ; CAMPOS, Gilda Helena Bernadino. Afetividade e motivação na docência online: um estudo de caso. Revista Iberoamericana de Educación a distancia, v. 21, p. 281, 2018. Disponível em: http://revistas.uned.es/index.php/ried/article/view/17415/16913. Acesso em: 24 out. 2019.

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