série sobre projeto de leitura

Neste período de isolamento social, estamos sendo bombardeados por notícias, reportagens, infográficos e entrevistas com a temática “Coronavírus”. Vivemos um momento inédito na história, com muitos desafios, incertezas, e, todavia, com muitas oportunidades para a construção de novos conhecimentos também.

Com foco nestas oportunidades e atual contexto, oferecemos reflexões sobre incentivo à leitura, a fim de dar continuidade ao desenvolvimento do estudante, sua desenvoltura e segurança como leitor.

A importância do Projeto de Leitura

A prática da leitura estimula a criatividade, diminui o estresse, desenvolve a imaginação, trabalha a memória, aprimora o vocabulário, ajuda na escrita e traz muitos outros benefícios.

Sendo assim, a vivência de um Projeto de Leitura é uma boa indicação para os docentes. E, além dos benefícios mencionados, permitirá conhecer um pouco a visão dos alunos sobre a realidade que estão enfrentando e acompanhar suas estratégias de escolhas literárias e as soluções encontradas nas leituras, contribuindo para o cultivo do hábito da leitura.

Como afirma Bender (2014)¹: 

A aprendizagem baseada em projetos (ABP) é um modelo de ensino que consiste em permitir que os alunos confrontem as questões e os problemas do mundo real que consideram significativos, determinando como abordá-los e, então, agindo de forma cooperativa em busca de soluções. (p. 9)

Em consonância com a autor, o Projeto de Leitura proporciona, na prática de ensino, uma aprendizagem significativa e contextualizada.

Articulando propósitos sociais e didáticos

Um dos objetivos do projeto é articular os propósitos sociais e os didáticos, evitando, assim, fragmentação de conteúdos. Articular propósitos torna o estudante corresponsável pela própria aprendizagem, tornando-a de caráter mais colaborativo e com ações que favorecem conhecimentos em diversas áreas.

É importante ter em mente que o planejamento do projeto deve estar alinhado à BNCC (2017)². 

No novo cenário mundial, reconhecer-se em seu contexto histórico e cultural, comunicar-se, ser criativo, analítico-crítico, participativo, aberto ao novo, colaborativo, resiliente, produtivo e responsável requer muito mais do que o acúmulo de informações. Requer o desenvolvimento de competências para aprender a aprender, saber lidar com a informação cada vez mais disponível, atuar com discernimento e responsabilidade nos contextos das culturas digitais, aplicar conhecimentos para resolver problemas, ter autonomia para tomar decisões, ser proativo para identificar os dados de uma situação e buscar soluções, conviver e aprender com as diferenças e as diversidades (p. 14). 

Veja, a seguir, alguns itens fundamentais na estruturação de um projeto desenvolvido em aulas remotas.

Estruturação do Projeto de Leitura

Consiste na explanação da temática para identificar e compreender o que será trabalhado. Deve-se levantar hipóteses sobre o assunto, listar os recursos e materiais que serão necessários para a realização do projeto e outras tarefas.

Veja uma proposta para a estrutura do projeto:

  • Problema central
  • Tema gerador
  • Objetivos
  • Competências
  • Habilidades
  • Duração
  • Material necessário
  • Desenvolvimento
  • Produto final
  • Proposta de avaliação e autoavaliação

Leia também: Como incentivar a leitura dos alunos do Ensino Fundamental 2.

Rede de conversas

Destine um momento para uma leitura inicial de reportagens, gráficos, infográficos, entrevistas e textos relacionados a uma temática escolhida, estimulando o aluno a refletir sobre as questões propostas no projeto e a se engajar na busca de conhecimento.

Sobre o resultado

Os estudantes e os professores, atualmente, vivem em um mundo conectado, e as possibilidades de criações, para solucionar problemas, incorporam grande quantidade de inovações tecnológicas.

É muito importante ressaltar que a leitura, a argumentação e a produção textual são competências fundamentais e estruturantes, durante todo o processo de aprendizagem. 

Diante disso, alinhada ao contexto da BNCC (2017), a leitura é tomada em um sentido mais amplo, dizendo respeito não somente ao texto escrito, mas também a imagens estáticas (foto, pintura, desenho, esquema, gráfico, diagrama) ou em movimento (filme, vídeo) e ao som (música), que acompanha e cossignifica em muitos gêneros digitais.

É relevante também destacar que a aprendizagem baseada em projeto (ABP) torna-se uma das formas mais eficazes para envolver os estudantes no processo de ser, conhecer, viver com o outro e fazer.

Entretanto, é possível que, além dos gêneros que serão lidos, servirão de base para as práticas consideradas contemporâneas: curtir, comentar, redistribuir e publicar notícias nas redes sociais digitais; considerando que a BNCC (2017) chama a atenção para a “questão da confiabilidade da informação, da proliferação de fake news, da manipulação de fatos”.

Para a metodologia dar certo, o professor deve ser facilitador, curador e orientador educacional, na medida que os estudantes forem avançando nas ações do projeto.

Conforme Bender (2014)¹: 

Em uma era em que as mídias digitais permitem a comunicação instantânea e há disponibilidade de informações quase ilimitada na internet, os defensores da ABP sugerem que produzir sentido a partir da grande quantidade virtual de informações caóticas é exatamente o tipo de construção do conhecimento que todo aluno no mundo de hoje precisa dominar (p. 25).

Avaliação

A intenção do docente é incluir várias alternativas de avaliação, como individual, autoavaliação, avaliação em grupo, reflexões pessoais, portfólio e fichas de acompanhamento. As notas que serão geradas nas avaliações deverão considerar rubricas avaliativas, enfatizando que rubricas avaliativas são utilizadas pelos docentes como ferramenta de ensino e de avaliação.

O projeto de leitura deverá desenvolver trabalhos significativos, despertando o interesse, a criatividade e o envolvimento dos alunos. Por isso, é necessário avaliar como um procedimento ou com uso de guia de pontuação que lista critérios específicos para o desempenho dos alunos e descreve diferentes níveis de desempenho para eles.

Uma rubrica avaliativa determina a atividade para ser desenvolvida num projeto de leitura e seguirá estas etapas:

  • Descrição detalhada da tarefa
  • Aspectos que serão avaliados
  • Escala de diferentes níveis de desempenho
  • Descrição dos diferentes níveis de desempenho

De acordo com Débora Garofalo (2018)³:

[…] a avaliação por rubrica permite reflexão nos objetivos pedagógicos e tarefas propostas, estimula rever práticas docentes e comunicação dos critérios e retorno dos estudantes e estabelece clareza e respeito nas dificuldades dos alunos.

Por fim, esperamos incentivar os professores a implantar um projeto de leitura como prática de ensino para o momento que estamos vivendo, tendo em mente que se trata de uma prática didática real, possível e necessária. E você, professor, que compartilhar o seu projeto? Deixe o seu comentário abaixo!

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Referências
1. BENDER, William. Aprendizagem baseada em projetos: educação diferenciada para o século XXI. Porto Alegre: Penso, 2014.
2. Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Brasília, 20 de dezembro 2017
3. GAROFALO, Débora. Como avaliar o ensino criativo e inovador. Nova Escola, 2018

Luciana Aguiar
Pedagoga, Especialista em Coordenação Pedagógica e Pedagogia Empresarial.
Assessora Pedagógica das Editoras Ática, Scipione e Saraiva – Rede Pública.