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Cinema Nacional: 125 anos de história

29 de junho de 2023
E-docente

“Se queres ser universal começa por pintar a tua aldeia”.
Liev Tolstói, escritor russo

Na Central de um país chamado Brasil, escolher dentre várias opções de bons filmes em nosso cinema nacional não é nenhum Bicho de Sete Cabeças. O Menino e o Mundo que o cerca não precisam, mesmo, fazer um verdadeiro Auto da Compadecida em nenhuma Cidade de Deus para assistir a uma boa produção nacional, se assim o quiserem.

Atualmente, no ano em que se comemora os 125 anos do Cinema Brasileiro, versatilidade e multiplicidade são palavras que definem todo o acervo cinematográfico nacional.

Se algumas marcas caracterizam os produtos artísticos nascidos em determinados momentos da história brasileira, este aniversário representa o acúmulo de títulos e propostas que simbolizam, de certa forma, a biografia de um país tão intenso e contrastante em sua imensa territorialidade.

Fique conosco e conheça um pouco mais sobre a história do cinema em nosso país. Aproveite para saber como incluir o cinema dentro das atividades complementares com os alunos do Ensino Fundamental

O surgimento do cinema no mundo

É a Auguste e Louis, mais conhecidos como irmãos Lumière (França), que se atribui a criação do cinema, surgido ao final do século XX.

No ano de 1895, eles inventaram um aparelho, o cinematógrafo, que tornou possível a reprodução de pequenas filmagens em telas. Uma tecnologia que se aprimorou ao longo dos anos e culminou na construção das primeiras salas de cinema em toda a Europa.

O início da sétima arte no Brasil

Em 8 de julho de 1896, foi realizada a primeira sessão de cinema no Brasil. O fato histórico ocorreu na Rua do Ouvidor (Rio de Janeiro), com a exibição de filmagens de cidades europeias. A real chegada da invenção francesa ao Brasil, entretanto, é atribuída ao ítalo-brasileiro Afonso Segreto (1875 -1919).

No dia 19 de junho de 1898, ele teria feito as primeiras imagens nacionais – da Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro – com a tecnologia do cinematógrafo. São registros gravados a bordo do navio Brésil, que havia saído de Boudeaux (França).

Alguns historiadores contestam este fato. Alegam que, no ano anterior, alguns filmetes podem ter sido gravados a partir do uso de um modelo de cinematógrafo criado pelo cientista americano Thomas Edison.

A despeito deste pioneirismo, foi o nome de Segreto que entrou para a história. O irmão de Afonso, Paschoal, foi criador da primeira companhia produtora e da primeira revista especializada em cinema do Brasil. Nos primeiros anos do século XX, os irmãos filmaram dezenas de filmes.

Os primeiros filmes

Documentários retratando cenas cotidianas. Assim eram os primeiros produtos cinematográficos produzidas em terras tupiniquins e exibidos nas salas de cinema fixo em São Paulo e Rio de Janeiro. Como seria fácil imaginar, eram produções com técnica rudimentar e orçamento modesto que, pouco a pouco, migravam também para o ramo de ficção (notadamente comédias).

Cinema Nacional em anos e décadas

história do cinema no Brasil

Atuais e necessários

Desde o fim da década de 1990, o cinema nacional passou por um verdadeiro sopro de renovação com filmes alcançando sucesso de público e crítica como há algum tempo não se via. Carlota Joaquina, Princesa do Brasil (1995), de Carla Camuratti, é uma história satírica do país no século 18, narrando as aventuras desta mulher.

Dois anos depois, outro destaque é o filme Baile Perfumado, dos pernambucanos Paulo Caldas e Lírio Ferreira, que traz a história do mascate libanês Benjamin Abrahão. Amigo íntimo do Padre Cícero, ele decide filmar Lampião e todo seu bando, pois acredita que vai ficar rico com o resultado das gravações.

Confira, abaixo, alguns dos filmes nacionais que vieram depois deste e solidificaram, ainda mais, a filmografia brasileira:

Central do Brasil (1998) – Walter Salles.

O enredo gira em torno de Dora (Fernanda Montenegro), professora aposentada que trabalha como escritora de cartas para pessoas analfabetas na Estação Central do Brasil. Por essa obra, Fernanda chegou a concorrer ao Oscar de Melhor Atriz em 1999.

Bicho de Sete Cabeças (2000) – Laís Bodanzky.

O filme conta a história de Neto (Rodrigo Santoro), internado em um hospital psiquiátrico após seu pai descobrir um cigarro de maconha em seu casaco. Um grito potente, na época, pela luta antimanicomial.

O Auto da Compadecida (2000) – Guel Arraes.

Baseado na peça teatral Auto da Compadecida de 1955 de Ariano Suassuna, com elementos de O Santo e a Porca e Torturas de um Coração, ambas do mesmo autor. Visto por mais de dois milhões de espectadores, sendo o filme brasileiro de maior bilheteria deste ano. Disponível, também, em formato de série.

Cidade de Deus (2002) – Fernando Meirelles.

Retrata o crescimento do crime organizado na Cidade de Deus, favela construída nos anos 1960 e tornou-se um dos lugares mais perigosos do Rio de Janeiro no começo dos anos 1980.

Carandiru (2003) – Héctor Babenco.

Superprodução baseada no livro Estação Carandiru, do médico Drauzio Varella, sobre a dura realidade dos presídios brasileiros em um trabalho de prevenção à AIDS, realizado na Casa de Detenção de São Paulo.

O Menino e o Mundo (2013) –  Alê Abreu.

Animação vendido para mais de 80 países e um dos cinco indicados ao Oscar de melhor filme de animação na edição de 2016. Conta a história de Cuca, menino que deixa sua aldeia e sai à procura do pai, desaparecido após ir buscar trabalho na capital.

Que Horas Ela Volta? (2015) – Anna Muylaert.

Trata dos conflitos que acontecem entre Val (Regina Casé), empregada doméstica, e seus patrões de classe média alta. Em cena, as desigualdades da sociedade brasileira. Em dezembro de 2015, foi eleito um dos cinco melhores filmes estrangeiros do ano pela organização norteamericana, National Board of Review.

Bacurau  (2019) –  Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles.

A trama se passa na pequena cidade de Bacurau (apelido do último ônibus da madrugada em Recife), localizada em Pernambuco. Dias depois de perderem sua matriarca Carmelita (Lia de Itamaracá), que viveu até 94 anos, os moradores da cidade percebem algo estranho na região: enquanto drones passeiam pelos céus, estrangeiros chegam com planos de exterminar toda a população ali residente. A produção conquistou o Prêmio do Júri no Festival de Cannes de 2019, tornando-se o segundo filme brasileiro da história a ser laureado, após O Pagador de Promessas (1962) de Anselmo Duarte.

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