Festividades juninas: origens, influências e memórias
Para iniciar, um breve relato
Antes de falar sobre a epígrafe deste texto, gostaria de me apresentar brevemente.
Eu sou Helga Cezar, professora, nordestina, pernambucana, filha de mãe pernambucana e de pai cearense. Meu pai nasceu no sertão do Ceará, em uma pequena cidade chamada Nova Floresta e, quando adulto, veio morar em Recife (PE), onde fixou residência.
Por meio dele, conheci a obra musical de Luiz Gonzaga, pois ele cantarolava os forrós do Rei do Baião e me tirava para dançar. Esse ritual, do qual sinto tanta saudade, me acompanhou até a vida adulta.
Sobre memórias…
Pois bem, vocês já devem imaginar o valor afetivo que essa epígrafe, constituída pela música “Festa” de Gonzaguinha e Luiz Gonzaga, tem para mim.
Mas, para além das memórias que tenho com o meu pai, a letra de “Festa” diz muito sobre a minha origem, minha gente, minha terra, minha cultura. Ela retrata a identidade de um povo e os motivos que levam esse povo a festejar.
Sempre que ouço essa canção, a emoção ganha meu corpo. Como professora, atuei no sertão de Alagoas e de Pernambuco. Vi a seca de perto e o lamento do povo sertanejo. Deparei-me com lindas e diferentes paisagens.
Fiquei mais sabida com o tanto que aprendi com tanta gente sábia. Pude me banhar em vários pontos das águas do velho Chico. Presenciei a alegria de ver a plantação verdinha e me deliciei com as comidas típicas da região.
Quer saber mais sobre as festividades juninas? Suas origens, influências e memórias? Então, confira o conteúdo que preparamos sobre o tema!
Qual é a origem das festividades juninas? Das festas pagãs às incorporações do cristianismo
As raízes dos festejos juninos estão associadas a tradições pagãs da Europa, que celebravam o solstício de verão no hemisfério norte, buscando afastar os maus espíritos ou pragas que poderiam afetar as plantações. Era um momento de semear e se rogava proteção divina para as colheitas.
Ao longo do tempo, essas tradições sofreram influência do cristianismo, sendo assimilada e adaptada por e para essa religião. Assim, passou a fazer parte do calendário católico e a homenagear três santos juninos:
- Santo Antônio (13 de junho);
- São João (24 de junho);
- e São Pedro (29 de junho).
E em nosso Brasil-brasileiro?
Os festejos juninos são uma combinação de elementos culturais europeus, indígenas e africanos.
Com a vinda dos colonizadores portugueses para o Brasil, esses festejos foram incorporados e ajustados à realidade brasileira, incorporando elementos culturais do país.
A festa junina se fundiu com as tradições indígenas e africanas, criando uma celebração singular, cheia de danças, músicas, pratos típicos e expressões folclóricas.
Voltemos à “Festa”!
Assim como na tradição europeia, no Brasil, também celebramos o tempo de colher. No Nordeste, essa comemoração traz um significado ainda mais simbólico se pensarmos no Sertão, como apontado no seguinte trecho da letra de “Festa”:
Se chover no Sertão e no interior nordestino, teremos uma boa colheita. O milho é garantido para preparar todos os quitutes necessários para essa grandiosa festa popular.
Pamonha, canjica, mungunzá, bolo de milho, milho cozido, milho assado, pipoca, xerém, angu são apenas alguns exemplos da vasta culinária do período junino.
O São João, nome dado à festa junina em boa parte do Nordeste, é um tempo de grande celebração: partilha, dança, música, cultura e, por que não, resistência. Afinal, é preciso ter muita força para esquecer “das mágoas sem lundu”!
Toda a quadrilha!
Embora o Nordeste seja uma região em que se comemora com muito afinco os festejos juninos, nas demais regiões também há comemorações. Cada qual com suas tradições, brincadeiras, danças e comidas.
Basta pensarmos na quantidade de ritmos propagados país afora, que remetem à festa junina:
- forró,
- forró estilizado,
- forró pé-de-serra,
- forró universitário,
- xote,
- baião,
- toada,
- sertanejo,
- piseiro…
A lista é imensa! Por isso, trabalhar com essa manifestação cultural em sala de aula é tão importante, pois é uma forma de congregar estudantes e professores em várias situações de aprendizagens que levam em conta a noção de pertencimento oriunda de nossa identidade cultural.
Teláris Essencial – Arte e a festa junina
No livro do 7º ano da obra Teláris Essencial de Arte, de autoria de Eliane Pougy, André Vilela, Ana Carolina Nitto e George Lucas Nercessian, há uma proposta de atividade de pesquisa com as festividades brasileiras, dentre elas, os festejos juninos.
Seguem as páginas da obra, a título de exemplo:
Por dentro do meu balancê
A obra Teláris Essencial de Arte faz um apanhado do ciclo junino, mostrando suas raízes e influências, e como as regiões brasileiras realizam suas comemorações.
Este é um excelente momento para que os estudantes comentem a respeito do que entendem sobre festa junina e como essa festividade é comemorada em sua região, em sua cidade, em seu bairro, em sua família.
Uma proposta interessante de atividade é a realização de registros de relatos orais sobre memórias juninas. Essas memórias podem ser individuais ou coletivas. Podem ser sobre si ou sobre outros.
Alguns estudantes podem ficar responsáveis pela filmagem e ela pode ser exibida em uma celebração dos festejos juninos da escola.
Neste dia, algumas danças típicas podem ser executadas pela turma, bem como apresentações musicais, montagem de cenário junino, preparo de comidas típicas etc.
Olha o túnel! Teláris Essencial Arte – unindo as tradições
Após estudar sobre o ciclo junino de forma geral e traçar um paralelo com o seu local, é chegado o momento de realizar uma pesquisa sobre como os festejos juninos ocorrem nas diferentes regiões do Brasil. Para tanto, a obra traz o seguinte roteiro de pesquisa:
Percebam que o roteiro de pesquisa está direcionado para os festejos de três ciclos: carnavalesco, junino e natalino.
É possível realizar a pesquisa levando em conta essa tríade, como também é possível utilizar esse roteiro em cada um desses ciclos.
Para realizar a pesquisa, os estudantes serão divididos em cinco grupos e cada grupo ficará responsável por trazer as informações sobre a(s) festividade(s) – trajes típicos, danças, músicas, comidas etc. – de cada região brasileira.
Já acabou? É mentira!
Passadas as apresentações dos grupos, é de suma importância realizar o último tópico trazido no Teláris Essencial Arte da página 129: uma roda de conversa.
Nela, os estudantes poderão contar um pouco mais sobre os seus achados, fazendo um paralelo entre o que há de comum e de diferente em cada região em sua forma de festejar.
Esse é o momento de perceber que nem sempre o “céu de azul bem limpinho” é sinônimo apenas de beleza e celebração, mas que o “céu cinzento” pode ser lindo, desejado e alegre.
Fim de festa!
Espero que vocês aproveitem os festejos juninos para levar adiante nossa riqueza cultural. Espero, também, que esta leitura possa acender algumas faíscas de ideias para a realização de atividades em sala de aula.
Por fim, como os festejos juninos são também permeados por crendices populares, espero que essas crenças nos tragam grandes realizações em nosso cenário educacional, para que possamos festejar muitos ciclos férteis e promissores.
Viva a cultura popular!
Gostou de saber sobre as festividades juninas, suas origens, influências e memórias? Então, confira nosso conteúdo sobre a festa junina: atividades divertidas e pedagógicas!