Adeus Ano Velho: finalizando 2024 com uma autoavaliação
Já estamos sentindo o cheirinho de ano acabando e, na minha cabeça, além da música da Simone (“e o que você fez?”), ficam ressoando alguns versos de uma composição de Paulinho Moska: “Vamos começar / Colocando um ponto final / Pelo menos já é um sinal / de que tudo na vida tem fim”. Essa canção se chama “Tudo Novo de Novo” e, antes de trazer a perspectiva de reinício, aponta para a ideia do quanto é necessário colocar um ponto final. Nesse contexto, a autoavaliação se torna uma ferramenta essencial.
Encerrando o Ano Letivo
Trazendo para a nossa realidade docente, estamos na fase de pensar qual seria o melhor modo para encerrar este ano letivo.
Não estou falando do último exame a ser aplicado com a turma, nem da festinha de fim de ano da escola, e sim de um balanço sobre a nossa trajetória docente em 2024, visando encerrar um ciclo e lançar luz para o ano que está prestes a iniciar.
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Cada um terá seu modo de pensar esse desfecho, dentro da sua realidade. De toda forma, convido a uma reflexão sobre esse “ponto final”, sugerindo que seja dado a partir de uma autoavaliação.
Avaliar é preciso, e se autoavaliar também
Uma das práticas mais comuns realizadas na escola é a avaliação, em todas as fases de ensino. A partir da avaliação, é possível fazer um levantamento sobre como os processos de ensino e de aprendizagem estão sendo estabelecidos. Para além disso, a avaliação pode apontar caminhos a serem trilhados. Portanto, com a avaliação, direcionamos um olhar para o passado (conhecimentos construídos) e um olhar para o futuro (próximos passos).
A autoavaliação por parte do(a) professor(a) funciona desse mesmo modo, sendo uma ferramenta importante e necessária para refletir sobre sua prática pedagógica e elaborar novos planos de ensino.
Nesse processo de se autoavaliar, é imprescindível realizar o levantamento do que foi produtivo e analisar pontos que precisam de melhorias.
Mas por onde começar?
Como realizar a autoavaliação?
Primeiramente, é necessário reunir informações:
- Revisite seus planos de aula.
- Retome projetos anuais e atividades extracurriculares (inclusive interdisciplinares).
- Reveja seus materiais didáticos e atividades avaliativas.
- Revise seus registros de observação.
- Rememore os feedbacks dos estudantes, da coordenação e dos seus colegas.
Não precisa tomar muito tempo no levantamento dos dados. A ideia é trazer à memória o trabalho já realizado.
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No entanto, após olhar esse material, é necessário pensar sobre ele levando em consideração alguns pontos:
- Domínio do conteúdo programático do componente curricular que ministra.
- Clareza nos objetivos de ensino-aprendizagem.
- Aquisição dos conhecimentos e habilidades por parte dos estudantes, a depender das estratégias de ensino.
- Utilização de diferentes metodologias de ensino e produtividade nesse uso.
- Utilização de tecnologias de ensino e produtividade nesse uso.
- Alinhamento com as discussões teóricas recentes na área de estudo em questão.
- Uso estratégico do tempo de aula.
- Correspondência entre o que é ensinado e o que é avaliado, inclusive quanto ao nível de dificuldade.
- Relação interpessoal com estudantes, colegas de trabalho e coordenação.
- Participação em atividades extraclasse.
Com essa análise, será possível identificar as fragilidades, os trabalhos que podem ser complementados ou aprimorados, os estudos a serem realizados e as relações que precisam ser reestruturadas.
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Essa autorreflexão pode ser realizada também através de algumas perguntas.
Perguntas para uma autoavaliação
Nesta finalização de ano letivo, objetivando uma análise do próprio desempenho e visando ao planejamento para o próximo ano, o(a) docente pode fazer para si mesmo(a) as seguintes perguntas:
- Quais foram meus maiores desafios neste ano?
- Quais práticas deram mais certo?
- Meus alunos progrediram em termos acadêmicos?
- Meu trabalho colaborou para a formação de estudantes críticos, autônomos e socialmente responsáveis?
- Como se deu minha relação com os alunos, com meus colegas de trabalho e com a coordenação pedagógica?
- Em que preciso melhorar?
Essas são questões mais gerais, e o(a) docente também pode formular outros questionamentos, tendo por base, inclusive, os tópicos de análise acima expostos. O importante é que faça sentido dentro do seu contexto de autoavaliação.
Sistematizando os resultados da autoavaliação
Para que fique ainda mais claro esse “balanço geral” de 2024, o(a) professor(a) pode sistematizar os resultados da análise do seu desempenho em uma tabela:
Conteúdos Trabalhados | Metodologias | Materiais Utilizados | Pontos Positivos | Pontos Negativos | Sugestões Para 2025 |
---|---|---|---|---|---|
É interessante que essas anotações sejam concisas e que não se tornem mais uma sobrecarga para o(a) professor(a) no fim do ano.
Concluindo…
Defendemos, neste texto, portanto, que o “Adeus Ano Velho!” seja dado a partir de uma autoavaliação, a qual pode ser muito benéfica para a prática docente. O objetivo maior, certamente, é colaborar para que o(a) professor(a) esteja cada vez mais consciente da sua prática e que esse processo o(a) ajude no planejamento do próximo ano. É possível que o próprio docente chegue à conclusão de que é preciso se refazer sempre, considerar outras metodologias, usar novas tecnologias, realizar diferentes abordagens quanto ao conteúdo.
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Com a autoavaliação, é provável também que o(a) professor(a) reconheça o quanto é importante ser resiliente nesse processo de ensino-aprendizagem e, assim, continue investindo no próprio conhecimento, na sua formação continuada. Por fim, lembramos que um dos ganhos mais significativos ao realizar uma autoanálise é melhorar a satisfação profissional, quando se reconhece que os caminhos são desafiadores, mas muito se foi feito até agora, muito trabalho de qualidade, com impactos positivos na vida dos(as) estudantes e na educação como um todo.
E que venha 2025, com “tudo novo de novo”!
Minibio do autor
Shenia Bezerra é mestre em Linguística pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), com pesquisas acadêmicas na área da Linguística Aplicada, tendo como maior interesse a produção do texto escrito na Educação Básica. Há 13 anos é professora do Ensino Médio na rede privada de ensino da cidade do Recife, onde ministra aulas do componente curricular de Língua Portuguesa, sobretudo do eixo de Produção de Texto.