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Férias do meio do ano: a necessária pausa para um respiro!

23 de julho de 2024
E-docente
Férias meio do ano - professor

O momento mais esperado pela comunidade escolar, enfim, chegou! As famosas férias do meio do ano demoraram, mas chegaram para trazer o tão merecido respiro. Imaginamos o quanto o primeiro semestre foi preenchido de inúmeras demandas, que envolveram desde o planejamento de aulas, eventos, saídas de campo, até a correção de provas, reuniões pedagógicas e reuniões escola-família.

A pausa é merecida e necessária para todos/as. Para produzir de forma eficaz no espaço escolar, precisamos de alguns dias de repouso, mudança de rotina e atividades que nos conduzam a uma atmosfera de relaxamento e descanso. Sabemos que muitos/as docentes e demais profissionais da educação acabam utilizando o período de férias para resolver questões pendentes no âmbito pessoal e profissional. É comum deixar consultas médicas, exames de rotina, revisão do carro, produções acadêmicas pendentes e tantas outras questões práticas para esse período. No entanto, muitas vezes, percebemos tarde demais que o período passou sem que tenhamos aproveitado para descansar de verdade.

O que falam as pesquisas?

Pesquisas mostram que pausas regulares podem melhorar significativamente a criatividade e a capacidade de resolver problemas. A importância da pausa e do descanso para a criatividade e a recuperação orgânica não pode ser subestimada. Em um mundo cada vez mais acelerado, onde a produtividade é frequentemente priorizada, é fácil esquecer o valor do parar e do descansar.

Quando estamos constantemente ocupados, nossa mente não tem a oportunidade de relaxar e processar informações de maneira eficaz. Pausas e períodos de descanso permitem que o cérebro faça conexões subconscientes, levando a insights e ideias inovadoras. Além disso, o descanso ajuda a prevenir a exaustão mental, mantendo-nos energizados e motivados para enfrentar novos desafios.

O ideal seria criarmos uma cultura de incorporação de pausas regulares no dia a dia, seja através de uma breve caminhada, meditação ou simplesmente afastando-se da correria, para revitalizarmos a mente e aumentarmos nossa qualidade de vida. Porém, sabemos o quanto isso não é fácil, não é mesmo?

Acredito que você conheça pessoas que sofrem com transtornos de ansiedade, síndrome de Burnout, estresse recorrente, depressão ou outros distúrbios como os do sono, da voz ou da visão. A lista é grande e assustadora. Reconhecer a importância da pausa como parte do processo laboral é essencial para alcançarmos um desempenho ótimo e sustentável a longo prazo. Mas, então, como podemos aproveitar esse período de férias escolares da melhor forma?

 Férias escolares: Reserve um tempo para você

Quando viajamos de avião os/as comissários de bordo dizem antes do avião decolar: “Em caso de despressurização da cabine, máscaras cairão automaticamente à sua frente. Coloque primeiro a sua e só então auxilie quem estiver ao seu lado”. Você já parou para pensar na importância de reservar um momento de autocuidado antes de pensar em cuidar dos/as outros/as? Momentos a sós nos permitem focar em nós e olhar com atenção nossas necessidades individuais. Que tal experimentar isso nessas férias?

O tempo para si mesmo/a pode ajudar na redução do estresse acumulado das responsabilidades diárias, sem a necessidade de cuidar dos/as outros/as, negociar com terceiros/as ter que atender a demandas externas. Além disso, ter esse tempo consigo mesmo/a nos ajuda a manter um equilíbrio saudável em nossas relações, nos levando a estabelecer interações mais positivas e significativas com filhos/as, parceiros/as e familiares, pois retornamos a esses relacionamentos renovados e menos sobrecarregados.

Docentes estão sempre atendendo demandas dos/as outros/as e acabam esquecendo de si. É nessa introspecção que podemos tomar autoconsciência e clareza sobre nossas prioridades e os melhores caminhos a seguir. Você pode ficar consigo mesmo/a em casa, em um parque, em um passeio pelo shopping, realizando leituras que lhe trazem prazer, assistindo a filmes ou simplesmente descansando e aproveitando uma boa xícara de café (fora do barulho da sala dos/as professores/as, é claro)! Veja que interessante este texto da escritora e poetiza gaúcha, Martha Medeiros:

“Cuide do seu espírito, do seu humor.
 Arrume seu cotidiano.
 Agora sim, estando quite consigo mesmo,
vá em frente e mostre aos outros como se faz.”
Martha Medeiros

Reserve um tempo para estar com as pessoas que você ama

O hiperprodutivismo e a vida corrida sempre nos dão a sensação de que estamos em débito com algo, né? É comum pensarmos no débito que temos em relação à atenção para os/as filhos/as, esposa/o, namorado/a e demais familiares. Esse mesmo débito se aplica aos/às amigos/as. Todas essas pessoas são muito amadas por nós e acabamos, infelizmente, deixando para depois, quando “tivermos tempo”.

Profissionais da educação, de forma geral, carregam o rótulo de serem pessoas que estão sempre correndo, cansados/as e com falta de tempo. Passam, muitas vezes, os finais de semana sentados/as à mesa de trabalho, corrigindo provas, fazendo planejamento de aulas, pareceres de aprendizagem ou preenchendo as temidas cadernetas. Dessa forma, acabam trabalhando de segunda a segunda e os momentos com a família e amigos/as vão ficando de lado, sempre para depois.

Tente, depois de ter reservado um tempo para você mesmo/a, pensar em momentos com a família e amigos/as. Uma viagem curta, um piquenique no parque, um cinema durante a semana, assistir a um espetáculo teatral juntos/as, ir a um museu e andar de bicicleta são algumas formas de estar rodeados/as de amor, deixando o sorriso largo tomar conta do rosto e respirar serenamente. O ambiente de amor e cuidado pode ajudar a reduzir o estresse e a ansiedade, tornando-se um espaço seguro para relaxar e recarregar as energias.

O mais importante de tudo é estar realmente presente e com a atenção plena, sem ficar com a atenção desviada para o celular ou mesmo martelando na cabeça preocupações de trabalho, com cobranças diversas de quem tem uma agenda cheia de demandas. Os que amamos serão sempre a base e a rede de apoio para seguirmos nossas trajetórias com qualidade e saúde!

Se der, viaje!

 O tempo das férias do meio do ano é bem curto, e conseguir organizar uma viagem, sozinho/a ou em família, acaba se tornando uma tarefa árdua e, às vezes, estressante. Porém, com calma e planejamento, é possível reservar alguns dias para visitar algum lugar diferente e sair da rotina de forma caprichada!

Antes de pensar que o orçamento ficará apertado com gastos de viagens, pense em lugares próximos que você possa se deslocar com facilidade, sem demandar tanta energia e altos custos com passagens aéreas.

Viajar sempre traz benefícios que perduram por um bom tempo. Conhecer novas cidades, pessoas, culturas e comidas nos desconecta da rotina. Imagine acordar em uma pousada aconchegante e ter um delicioso café da manhã servido especialmente para você? Certamente, esses momentos ajudarão a aliviar a tensão e vão gerar uma sensação de alegria e felicidade interior. Isso sem falar nas memórias positivas que poderão ser revisitadas na lembrança por meses.

Faça uma lista de desejos!

 Acredito ser muito recorrente em algumas pessoas pensamentos como “eu adoraria fazer isso”, “como eu queria aquilo”, “seria muito legal se eu fizesse tal coisa”. Isso é absolutamente natural, uma vez que somos seres humanos e os desejos fazem parte de nossa vida e acabamos projetando alguns desses desejos para o período de férias. Porém, quando chega o momento de colocá-los em prática, nem sequer nos lembramos de tudo que desejamos.

Que tal fazer uma lista de desejos para suas férias e tentar realizar o que for possível? Se não der para fazer tudo agora, faça nas próximas. Ou mais para frente. Mantenha essa lista sempre perto, como, por exemplo, no bloco de notas do celular, mas jamais se esqueça daquilo que desejou.

É claro que desejos mudam e se ajustam com o passar do tempo e a depender de como estaremos amanhã. Porém, convido você a estar atento/a a eles, pois fazem parte daquilo que, de alguma forma, faz sentido e tem importância para você.

Conclusão

Nesses dias que ainda restam para o retorno às atividades escolares, tente aproveitar ao máximo o que puder. As férias do meio do ano são um período precioso para reabastecer nossas energias, refletir sobre nossas prioridades e fortalecer nossas conexões pessoais. Não se esqueça de que é uma oportunidade de ouro para cuidar de nós mesmos e das pessoas que amamos, criando memórias inesquecíveis e promovendo nosso bem-estar geral. Cuide de você, desfrute de momentos de qualidade com a família e amigos, explore novos destinos e realize desejos. O importante é aproveitar ao máximo esses dias de pausa, buscando o equilíbrio e a serenidade necessários para retornar ao trabalho renovado/a e com um espírito revigorado, pronto/a para enfrentar novos desafios com criatividade e motivação.

Biografia do autor

Danilo Carvalho possui graduação em Licenciatura Plena pela Universidade Federal de Mato Grosso, Mestrado e Doutorado em Biologia Animal pela Universidade Federal de Pernambuco e pós-doutorado pela Texas A&M University (Estados Unidos). É professor e pesquisador da Universidade Federal de Pernambuco, atuando no Colégio de Aplicação da UFPE e no Mestrado Profissional em Ensino de Biologia/CAV-UFPE. Desenvolve atividades direcionadas para o campo do Ensino e Pesquisa em Biologia e acumula experiências na Formação de Professores, Consultoria Educacional, Coordenação Escolar, Acadêmica, Estágio e Direção Escolar. É revisor de periódicos científicos, escritor de artigos e tem atuado na produção de textos em blogs da área de Educação.

Referências Bibliográficas

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ARAÚJO, L. M. B. F.; SOUSA, R. R. O adoecimento psíquico de professores da rede pública estadual: perspectiva dos docentes. In: XXXVIII Encontro da Anpad, Rio de Janeiro, 2013.

FISCHER, M. L.; BURDA, T. A. M.; ROSANELI, C. F. O autocuidado para saúde global: um compromisso ético com a coletividade. HOLOS, v. 4, 2022.

NASCIMENTO, K. B. do; SEIXAS, C. E. O adoecimento do professor da Educação Básica no Brasil: apontamentos da última década de pesquisas. Revista Educação Pública, v. 20, n. 36, 22 set. 2020. TOSTES, M. V.; ALBUQUERQUE, G. S. C.; SILVA, M. J. S.; PETTERLE, R. R. Sofrimento mental de professores do ensino público. Saúde em Debate, Rio de Janeiro, v. 42, n. 116, p. 87-99, 2018.

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